Lula e Macron Foto: EFE/Andre Borges
Neste sábado (30), os jornais Estadão e Folha de S. Paulo se manifestaram a respeito da visita do presidente da França Emmanuel Macron ao Brasil. O líder francês passou três dias no país.
A Folha destacou que Macron usou o “clima justificar protecionismo” ao avaliar a decisão dele de recusar os termos do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
– Macron disse que a França não poderá abrir seu mercado agrícola a produtores externos que não estejam sujeitos às mesmas exigências ambientais. Não se disfarça o protecionismo, posição tradicional francesa que sempre foi o maior obstáculo nas negociações – escreveu o jornal.
Já o Estadão chamou o tour de Macron em terras brasileiros da “viagem pitoresca”. A publicação disse que “Lula andou ciceroneando o presidente francês”.
– Na agenda, visitas a comunidades ribeirinhas e fábricas de chocolates orgânicos, convescotes com caciques e jantares com celebridades das artes e esportes. Além de promover esse rebranding dos estereótipos sobre o país tropical do samba e futebol, os dois batizaram um submarino nuclear construído sob uma parceria de 2008 – afirmou.
Como a Folha, o jornal abordou a questão do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
– Entre velhos projetos e promessas incertas, a pajelança fez o possível para disfarçar o bode na sala: o acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. Como se sabe, Macron é o maior entrave à sua ratificação na Europa. E Macron reiterou seu recado: “É um péssimo acordo”, supostamente por desconsiderar “a biodiversidade e o clima” – senha de dez em dez governos franceses para barrar o ultracompetitivo agro brasileiro. (…) Na agenda concertada com o Brasil, nenhuma visita a uma fazenda de soja ou gado, nenhum encontro com comitês de agrônomos e ambientalistas, nenhum dossiê comprovando os altos índices de sustentabilidade do agro ou os ganhos do acordo para consumidores brasileiros e franceses. Macron não diz, mas é indisfarçável sua intenção de blindar os fazendeiros franceses.
O Estadão concluiu o texto com uma crítica ao lulismo.
– Os takes fotográficos dos presidentes saltitando de mãos dadas na floresta talvez ajudem Macron a cativar o jovem eleitorado ambientalista francês, e Lula, os jurados do Prêmio Nobel. Mas resta a questão: foi um encontro de chefes de Estado ou de egos? Admitindo-se, pelo benefício da dúvida, o primeiro, foi inócuo. A claque lulista vai continuar repetindo seu mantra: o Brasil voltou. Mas voltou para onde sempre esteve, fechado e subdesenvolvido e, se depender de Macron, continuará aí – indicou.