Jornal apontou “paralisia, omissão e incompetência” por parte do governo em relação à crise
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em mais um de seus editoriais críticos ao governo, o jornal O Estado de S.Paulo pontuou que os dados oficiais confirmam que a gestão Lula “fracassou na tentativa de salvar os povos yanomamis”. No texto intitulado Falatório Não Ajudará os Yanomamis, o periódico considera que o presidente trata da questão “como se tivesse tomado posse ontem” e “empenha-se em fazer esquecer que esse problema é dele há um ano”.
– O presidente Lula da Silva exibiu mais um exemplo de seu vasto repertório de artimanhas com as quais tenta livrar-se da cobrança pública por erros graves. Próximo ao marco de um ano das ações de emergência destinadas ao enfrentamento da crise que atinge há décadas os povos indígenas yanomamis, e diante da constatação de que vem fracassando a operação de socorro naquelas terras, Lula convocou uma reunião ministerial para tratar do tema, falou duro e anunciou como se desembarcasse agora no problema (…) E apelou à habitual especialidade palanqueira, ao apontar culpados externos e fazer promessas – iniciou o texto.
Em seguida, o jornal afirma que o presidente segue um roteiro já conhecido diante de fracassos, o qual consiste em convocar uma reunião ministerial, montar uma força-tarefa ou grupo de trabalho, enviar ministros ao local para verificar o que já se sabe à distância, e por fim exibir ideias antigas que completam “a receita do insucesso”.
– Há um ano, o governo deveria ter criado uma instância de coordenação das ações emergenciais com real poder sobre as diferentes pastas. Em vez disso, apresentou um plano sem metas, indicadores ou detalhamento de cronograma, orçamento e responsabilidades. Não promoveu, muito menos executou, um estudo logístico eficiente para planejar o envio de insumos e profissionais de saúde.
– Consumiu milhões de reais com as Forças Armadas lançando cestas básicas sobre aldeias e clareiras sem muito critério. Há relatos de abandono de toneladas de alimentos em armazéns das cidades porque o dinheiro disponível para o frete aéreo acabou antes de atingir a meta do número de cestas básicas estipulada pela Funai. E, por fim, mas não menos importante, o Estado seguiu ausente do território – acrescentou.
Por fim, o veículo considerou que “12 meses são suficientes para conter os danos mais sérios, mas também para confirmar paralisia, omissão e incompetência” e que o governo precisa compreender que trata-se de uma urgente “agenda nacional”.
Dados do Centro de Operações de Emergências apontam que foram contabilizadas 308 mortes entre janeiro e novembro de 2023, nos povos Yanomamis. Os principais motivos são fome e doenças. Em um vídeo publicado pelo portal G1, é possível ver um bebê de 1 ano e 9 meses com 5,3 quilos. Há ainda uma criança de 4 anos com 6,7 quilos, entre outros casos semelhantes.