Em seis meses de mandato, Bruno não resolve problema do transporte público

Transporte Público

Cássio Moreira

Quando foi eleito prefeito de Salvador em novembro, Bruno Reis disse ter consciência de que o transporte público era um dos principais problemas da cidade, e prometeu que buscar solucionar a questão. No entanto, poucos dias após completar seis meses de mandato, a gestão de Bruno enfrenta uma situação ainda mais delicada.

“Já comecei a mergulhar, a conhecer os números, conhecer com profundidade quais são os gargalos, os pontos de atenção”, disse à imprensa em 17 de novembro, quando já havia sido eleito, mas ainda ocupava a vice-prefeitura.

Quando Bruno assumiu o mandato, a Concessionária Salvador Norte (CSN) estava sob intervenção da Prefeitura de Salvador, como garantia de que os ônibus da região onde a empresa atendia continuariam operando. Porém, em 27 de março, a Prefeitura resolveu romper o contrato e assumir a operação dos ônibus, alegando falhas de gestão.

“Foi encontrado um número significativo de irregularidades graves e gravíssimas, com infração de normas legais, contratuais e regulamentares, que comprometeram direta e fortemente a prestação de serviços”, disse o prefeito na ocasião.

Logo após o anúncio de Bruno, a CSN emitiu uma nota em resposta é disse que a história cobraria o prefeito por sua “arrogância e incompetência”.

“A CSN tentou, até o último momento, o diálogo propositivo com o Poder Concedente, que fechou as portas para uma solução justa e consensual […] as história vai cobrar do prefeito pela arrogância e incompetência e da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores pela postura subserviente ao Poder em desprezo ao interesse dos trabalhadores”, dizia a nota.

Dois dias depois da rescisão, a cidade amanheceu sem ônibus por paralisação dos profissionais do transporte. Já em abril, diante de uma nova paralisação devido às pendências, como dívidas e baixa na carteira, o prefeito Bruno Reis descartou a chance de se responsabilizar por qualquer indenização trabalhista da empresa com os rodoviários e chegou a dizer que “Cabe à empresa CSN indenizar esses trabalhadores”.

Os rodoviários ainda voltaram a paralisar as atividades na capital no último dia 22 de junho, entre 4h e 8h da manhã, horário em que a maioria da população depende do transporte para ir ao trabalho. Desta vez, a reivindicação da categoria era o adiantamento de 40% do salário, como havia sido acordado.

Líder do Sindicato dos Rodoviários, o vereador Hélio Ferreira chegou a alertar para o risco das empresas OT Trans e Plataforma acabarem com o mesmo destino da CSN.

“Nunca houve atraso do adiantamento, é a primeira vez. Estamos preocupados porque a CSN começou assim, atrasando salários […] Se transformar as outras duas operadoras como a CSN, vamos ter um transporte público clandestino em Salvador”, disse Hélio.

Nesta sexta-feira (9), Salvador amanheceu mais uma vez com paralisação dos rodoviários que integram o quadro da CSN (saiba mais). Apesar do acordo firmado entre Prefeitura e Rodoviários, o TRT5 (Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região) ainda não assinou, aumentando em quase 100 dias a angústia da categoria para receber as verbas indenizatórias. Os rodovários prometem novas paralisações enquanto o acordo não for cumprido.

Política ao Vivo

Deixe uma resposta