ELES NAS RUAS E EU NO SOFÁ

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Torna-se muito cômodo deixar que outros lutem a nossa luta. Que se torrem no Sol e molhem-se na chuva, enquanto eu acompanho tudo pelo celular. Sou tão brasileiro quanto todos eles, mas por sofrer de uma falha grave de compromisso e me considerar tão oportunista quanto os que pretendem tomar à força o poder estão em casa, no abrigo de meu lar.

Até me emociono quando pelo mesmo celular vejo uma menina entregando um buque de flores a um soldado na porta do quartel. Minhas lágrimas de crocodilo escorrem pela minha face. Nesse momento, quase sinto vontade de estar com eles.

Mas qual o que, deixo para eles o meu compromisso patriótico com o Brasil. Tenho receio de manifestações públicas, mesmo porque o que representaria uma pequena gota d’água ante o oceano. Por certo, nem darão conta de minha ausência.

Se conseguirem o que pretendem, se de fato esse relatório das Forças Armadas mudar o curso da história, direi aos meus filhos que ainda não nasceram que estive nas ruas e que fui peça preponderante nesse processo. Enfim, a mentira nesse momento se tornou uma espécie de virtude.

Tenho orado muito por eles e acho que isso é o suficiente. Sou pacifista, avesso a essas manifestações. Acredito que não se trata de preguiça, mas de uma cômoda opção democrática. Enfim pregar democracia tem sido a prerrogativa de ambos os lados, porém apenas um lado a pratica de fato.

Sou assim, estou aproveitando o momento e irei me beneficiar com o futuro pelo qual nada fiz. Sei que não estou sozinho, milhões de brasileiros, patriotas de meia boca, agem da mesma forma.

Portando que permaneçam nas ruas e eu confortavelmente optei pelo sofá.

Guto de Paula

Redator da Central São Francisco de Comunicação

Divulgado pelo Blog do Itapuan, Facebook, Youtube e Zap

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