O diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, afirma que a eleição do próximo ano não será fácil para o pré-candidato ao governo da Bahia, o senador Jaques Wagner, porque, segundo ele, “há uma exaustão de PT” no estado. O partido, no ano que vem, completará 16 anos no comando do poder estadual – oito anos com o próprio Wagner e oito com o governador Rui Costa.
“A eleição vai ser muito equilibrada na Bahia. Muito equilibrada. Neto vai largar muito na frente, porque é uma vantagem muito boa. Não é fácil para o Jaques Wagner. Fora que há uma exaustão de PT, há muito tempo de governo do PT. Isso joga a favor do Neto”, avaliou Hidalgo, em entrevista à Tribuna.
Divulgada no início deste mês, a sondagem de opinião feita pelo instituto Paraná Pesquisas aponta que o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (União Brasil) tem hoje 54,8% das intenções de voto no estado. Wagner aparece com 23,1%. Já o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), soma 3,9%. A pesquisa ainda traz o nome da ex-secretária de Saúde de Porto Seguro, Raissa Soares, com 2,6% das intenções. Em seguida, o vereador de Salvador, Alexandre Aleluia com 0,9%, e o ex-vereador Marcos Mendes (PSOL) 0,3%. A tendência é que as pré-candidaturas de Roma, Aleluia e Raíssa se unam já que todos são aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para Hidalgo, um ponto importante que mostra as recentes pesquisas na Bahia é a perda de terreno eleitoral do ex-presidente Lula (PT) no estado. “(A pesquisa) mostra que Neto é muito forte e, ao mesmo tempo, o Lula é muito forte. Só que o Lula não é tão mais forte quanto era. Lula não é tão forte quanto era quatro, oito, 12 anos atrás. Basta saber se conseguirá passar os votos para o Jaques Wagner ou não”, analisou.
Três levantamentos do Instituto Paraná Pesquisas divulgados neste ano mostram que Lula caiu eleitoralmente na Bahia, mas a tendência é que o petista consiga recuperar pelo menos uma parte quando começar a campanha política. Na 1ª consulta, publicada em março, Lula registrou 40,4% das intenções de voto no estado. Já o seu principal adversário político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), apareceu com 24,7%. Na 2ª pesquisa, em maio, Lula teve 43,3%, já o presidente pontuou 24,6%. O levantamento mais recente apontou o ex-presidente com 47,1%, e Bolsonaro teve 23,7% das intenções. Esta última análise foi publicada em agosto.
As consultadas demonstram um crescimento do ex-presidente, mas muito abaixo do desempenho eleitoral obtido na eleição da reeleição de 2006. Naquele pleito, Lula teve 66% no 1º turno. No 2º turno, bateu 78%. Na primeira campanha vitoriosa de 2002, o petista teve uma performance pior. Teve 55% dos votos na primeira etapa, e 65% na segunda.
Para o cientista político e professor da UFRB, Maurício Ferreira da Silva, a tendência é que Lula cresça no estado. “Certamente (o baixo desempenho atual) é porque o cenário da candidatura ainda não está determinado. Além disso, é preciso entender as variáveis colocadas nos levantamentos. Mas se você pensar bem, largar na corrida com 45% de intenção de voto é muito bom para ele. Fica próximo da vitória já no primeiro turno (no estado, claro). Outro dado importante: esse índice é alcançado apenas com o capital político, sem campanha nenhuma ou mesmo grandes aparições públicas”, ponderou.