A Dívida Pública Federal (DPF) aumentou 3,3% em fevereiro, atingindo R$ 7,492 trilhões, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Tesouro Nacional. O avanço foi impulsionado por uma emissão recorde de títulos e por um baixo volume de vencimentos. Em janeiro, o estoque estava em R$ 7,253 trilhões.
A maior parte da alta veio da Dívida Pública Mobiliária interna (DPMFi), que passou de R$ 6,951 trilhões para R$ 7,178 trilhões. Somente em fevereiro, o Tesouro emitiu R$ 145,39 bilhões em títulos — o maior volume mensal desde o início da série histórica, em 2006. Os resgates somaram apenas R$ 33,9 bilhões, contribuindo para o saldo positivo. A apropriação de juros (valores incorporados mensalmente ao estoque da dívida) somou R$ 70,8 bilhões.
Na dívida externa, o crescimento foi de 4,15%, totalizando R$ 314,3 bilhões. A alta foi puxada pela valorização do dólar e por uma emissão de US$ 2,5 bilhões no mercado internacional.
A reserva financeira do Tesouro, conhecida como colchão da dívida, cresceu de R$ 744 bilhões para R$ 889 bilhões, suficiente para cobrir os próximos 6,66 meses de vencimentos. Esse reforço foi garantido pelas emissões líquidas em fevereiro. Nos próximos 12 meses, vencem R$ 1,267 trilhão em títulos.
Perfil da dívida
A composição da dívida pública manteve-se estável:
Títulos atrelados à Selic: 47,77% (queda em relação aos 47,98% de janeiro)
Papéis prefixados: 20,54% (alta frente aos 20,15%)
Títulos atrelados à inflação: 27,51% (leve recuo)
Dívida cambial (atrelada ao dólar): 4,18%
O prazo médio da DPF caiu levemente, de 4,11 para 4,08 anos.
As instituições financeiras continuam sendo os principais credores da dívida interna, com 29,8% de participação. Em seguida, vêm:
Fundos de pensão: 24,1%
Fundos de investimento: 22,3%
Investidores estrangeiros: 9,7% (queda em relação aos 9,9% de janeiro)
Outros grupos: 14,2%
Perspectivas
Mesmo com a elevação em fevereiro, a dívida pública está dentro dos parâmetros previstos pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), que projeta um estoque entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões até o fim de 2025.
A dívida pública é o principal instrumento utilizado pelo governo para captar recursos no mercado, permitindo financiar despesas e investimentos. Em troca, o governo se compromete a devolver o valor aos investidores com correção — seja pela Selic, pela inflação, pelo câmbio ou de forma prefixada.