Descubra quais crenças são mitos e quais são verdades sobre o câncer de mama

Câncer de Mama
                     Foto: Gabriela Icó
Descubra quais crenças são mitos e quais são verdades sobre o câncer de mama
                    Foto: divulgação / Sociedade Brasileira de Mastologia

Quantas vezes você já ouviu que usar desodorante pode causar câncer de mama? Você já deixou de usar o produto por isso? Será que isso é mesmo verdade? A doença, razão de muito temor, é o tumor que mais matou mulheres no Brasil com 18.068 óbitos, 16,4% das mortes por câncer entre mulheres em 2019, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Além disso, é o segundo tipo de câncer mais comum entre as brasileiras, com 66.280 casos (29,7%) em 2020.

Embora o assunto seja muito conhecido e divulgado no Brasil, especialmente durante o Outubro Rosa, ainda há muitas crenças populares sobre a doença. A médica especialista em mastologista pelo Hospital Sírio Libanês e professora do internato de Medicina da UniFTC, Narjara Monteiro, comentou algumas crenças populares sobre o câncer de mama e apontou quais são mitos ou verdades.

DESODORANTE CAUSA CÂNCER DE MAMA

Mito. “Não tem nenhuma relação, o desodorante pode ser usado. O que pode acontecer é que, a depender do tipo de desodorante, do quanto de álcool tem concentrado, pode causar uma irritação na axila. Eventualmente, a irritação pode causar aumento ganglionar e a paciente pode sentir a presença de um linfonodo, que a gente chama de ‘íngua’. A especialista explica que seria uma reação, um linfonodo palpável na axila, mas sem relação com nenhum tipo de câncer. “É absolutamente seguro usar qualquer tipo de desodorante”.

Narjara diz que o que não é recomendado é o uso de talco na véspera da mamografia. “Porque às vezes aparece no exame como uma microcalcificação, algo que pode ser um fator de confusão no laudo, causando um resultado incorreto. Não há nenhum ensaio clínico randomizado, com nível de evidência A, de que isso cause câncer de mama”. A médica afirma que a doença é resultado de uma lesão no DNA. “Então, tem que ter algo muito mais forte, mais de risco, para causar essa alteração genética”.

SÓ TEM CÂNCER DE MAMA QUEM TEM HISTÓRICO FAMILIAR

Mito. A maioria dos casos de mama não tem origem hereditária. Segundo o INCA, de 5% a 10% dos casos de câncer de mama são hereditários (mutações germinativas).

“Nos outros 90% a 95% dos casos, isso é desenvolvido ao longo da vida (mutações somáticas). O que vai causar essas alterações são os hábitos e outros fatores. Para evitar o câncer, são prevenções primárias, como alimentação saudável, atividade física regular e o não uso excessivo de estímulo hormonal por longo período”, explica a mastologista.

QUEM FAZ AUTOEXAME NÃO PRECISA FAZER MAMOGRAFIA

Mito. O autoexame ajuda o acompanhamento, mas não substitui a mamografia para detecção precoce. “O autoexame, quando detecta, já está com, pelo menos, 1,5 ou 2 cm. E não é o que a gente quer, a gente quer pegar lesões que ainda não são palpáveis, mas que podem ser vistas na mamografia”.

A especialista defende que o autocuidado deve ser estimulado, especialmente nos casos em que as pacientes que não tem acesso fácil ao exame. “Mas, por exemplo, o fato de a paciente não sentir nada palpável não significa que não precisa fazer a mamografia aos 40 anos. É o exame que provocou redução de mortalidade por câncer de mama”, detalha.

A RADIAÇÃO DA MAMOGRAFIA CAUSA CÂNCER

Mito. A radiação da mamografia não causa câncer. O exame não é invasivo e deve ser feito inclusive por quem tem próteses mamárias. Segundo o Colégio Brasileiro de Radiografia, o procedimento tem uma quantidade de radiação pequena e segura. “É uma vez por ano. Então, não justifica a paciente deixar de fazer o exame por conta dessa radiação, que é anual”, avalia a mastologista.

Narjara também alerta que a mamografia não evita o câncer. “O exame tem missão secundária, de diagnosticar pequenas lesões na fase inicial, ou lesões de risco para a doença”, orienta, dizendo ser uma crença comum entre as pacientes.

PÍLULA ANTICONCEPCIONAL CAUSA CÂNCER

Mito. A mastologista explica que não, mas há uma ressalva. “Já existe um risco para as pacientes que utilizam a pílula há mais de dez anos. É preciso ter acompanhamento. Por exemplo, para meus pacientes que têm histórico de câncer de mama ou que já fizeram alguma biópsia prévia, com alguma alteração de risco, não sugiro”. A especialista aponta que, nesses casos, é mais um fator para a doença.

CÂNCER DE MAMA TEM CURA

Verdade. Mas a cura depende do estágio do câncer e do diagnóstico precoce. “O grande problema do Brasil hoje é que o diagnóstico é tardio. E há uma impressão que a doença é um quadro que leva à morte, mas não é bem assim. Quanto mais cedo for identificado, maior é a chance de cura”, afirma.

Apesar de muitas crenças populares e afirmações que circulam nas redes sociais serem falsas, a especialista alerta: há alguns fatores de risco para a doença que já foram comprovados: obesidade, início precoce da menstruação e o início tardio da menopausa, falta de atividade física e o alto consumo de álcool. Além disso, a amamentação protege do câncer de mama.  “Quanto maior o tempo, maior a proteção”, explica a mastologista.

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