Depois de críticas de Lula, Campos Neto defende autonomia do BC

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Presidente do Banco Central disse que independência da instituição é fundamental para economia

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: ‘Falta de autonomia seria outro elemento de incerteza na economia’ | Foto: Agência Brasil

Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que a autonomia do Banco Central é uma “bobagem”, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, afirmou que sem a autonomia, haveria mais incerteza e a economia estaria pior, considerando o cenário político-eleitoral do país.

“Quando você pensa no que está acontecendo no Brasil e quão difícil foi o processo da eleição no Brasil, acho que o mercado estaria bem mais volátil se o Banco Central não tivesse a autonomia na lei. Seria outro elemento de incerteza”, declarou Campos Neto, na quinta-feira 19, em um seminário promovido por uma universidade norte-americana.

As declarações de Lula foram dadas em entrevista à GloboNews na noite de quarta-feira 18. Ele também afirmou que a autonomia não impediu inflação e juros altos e criticou a meta de inflação, muito baixa, na avaliação do presidente.

Na palestra, Campos Neto, que tem mandato até o fim de 2024, contemporizou as declarações de Lula, afirmando que deveriam ser vistas sob um olhar mais amplo, da necessidade de a independência existir sob a lei. “Se você olha a entrevista, de um lado, ele se orgulha por [Henrique] Meirelles [ex-presidente do BC] ter tido independência. De outro lado, o que acho que ele quis dizer foi ‘eu não acho que precisamos ter a independência na lei, pode ter a independência sem a lei e fazer as coisas funcionarem’”, disse.

Na tarde de quinta-feira, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou a intenção do governo de mudar o status do BC. Em postagem nas redes sociais, escreveu que “o presidente [Lula] não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido”.

Sobre a taxa de juros, criticada por Lula, Campos Neto reconheceu que a Selic, em 13,75%, está elevada, mas explicou que um corte no curto prazo pouco ajudaria o país a atrair investimentos. “Entendemos que nossa taxa de juros está alta, mas não manejamos curva futura, só a meta da Selic. Não ajudaria em nada cortar o juro de curto prazo, porque os investimentos usam taxas de longo prazo”, declarou.

Quanto à inflação, que fechou 2022 em 5,79%, o presidente do BC disse que se não fossem os cortes de impostos sobre combustíveis e energia elétrica, medidas adotadas pelo governo em meados do ano passado, a inflação teria fechado em 2022 em 9%. “A inflação [oficial pelo IPCA] estaria em 9%, e não em 5,8%, se não fosse essa redução de impostos”, afirmou.

REVISTA OESTE

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