Claudinei Abreu
O delegado Rivaldo Barbosa, acusado de envolvimento no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, deixou um recado escrito à mão para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, responsável pelo caso.
“Aos Exmos. ministros e à eternidade: 1 – eu nunca falei com esses outros denunciados; 2 – o Inq. 901-00266-19 possui provas técnicas da mentira do assassino da vereadora Marielle e do motorista Anderson; 3 – no STJ há uma decisão que eu não participei das investigações”, escreveu o delegado no bilhete.
O bilhete foi escrito no mandado de citação, documento levado até Rivaldo na prisão, atestando que ele se tornou réu. O documento com o recado de Rivaldo foi anexado ao processo ontem (26).
A defesa de Rivaldo usa como argumento de defesa a existência de um inquérito de 2019 (Inq. 901-00266-19) como prova de que o delegado não tentou impedir a investigação contra os irmãos Brazão – Chiquinho e Domingos Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato da ex-vereadora.
A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) citada pelo réu refere-se ao julgamento de 2020, que não aceitou o incidente de deslocamento de competência para tornar federal a investigação do caso Marielle.
A procuradora-geral da República Raquel Dodge, no pedido para tornar o caso federal mencionou os indícios de corrupção envolvendo o delegado e servidores. Entretanto, no voto da relatora ministra do STJ Laurita Vaz, foi ressaltado que Rivaldo “nunca esteve à frente da investigação do caso Marielle”.