Ajudado pelo impulso da inflação sobre a arrecadação federal e por uma contenção de despesas em relação ao ano anterior, o governo registrou um déficit de R$ 35 bilhões em 2021 -o que representa uma queda real de 95% em relação a 2020.
A expressiva redução é observada após o recorde histórico negativo registrado no ano de chegada da pandemia ao Brasil, quando o resultado havia ficado negativo em R$ 743,2 bilhões em meio à crise da Covid-19 -que provocou uma disparada dos gastos públicos e derrubou a arrecadação de impostos.
O déficit primário do ano passado, divulgado nesta sexta-feira (28) e que se refere ao governo central (o que abrange o Tesouro Nacional, a Previdência e o Banco Central), equivale a 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto). É o melhor resultado desse indicador na série de resultados negativos iniciados em 2014.
Em termos reais, no acumulado no ano, a receita líquida registrou aumento de 21% (para R$ 1,5 trilhão).
Embora o resultado da arrecadação seja atualizado pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), boa parte dos números “escapa” desse ajuste. A inflação de 2021 ficou em 10,06%, mas os preços da gasolina, por exemplo, subiram 47,49%.
Outro ponto levantado por economistas é a mudança de comportamento consumidor durante a pandemia, mais voltado a produtos (mais tributados) do que serviços, por causa do isolamento social.
Além do aumento das receitas, a despesa total do governo diminuiu 23% (para R$ 1,6 trilhão).
O Tesouro comemorou o resultado. “No segundo ano da pandemia, ainda executando políticas de combate aos seus efeitos econômicos e sociais, o governo conseguiu praticamente reequilibrar seu orçamento, promovendo um ajuste fiscal superior a 9 pontos percentuais do PIB”, afirmou em nota.
De acordo com o Tesouro, o resultado consolidado do setor público a ser divulgado nos próximos dias e que considera também estados e municípios aponta um superávit acima de R$ 40 bilhões, “colocando o Brasil num seleto grupo de apenas 4 países que apresentam perspectiva de resultado positivo para o Governo Geral em 2021”.
FOLHAPRESS