O Conselho de Segurança da ONU conseguiu aprovar nesta quarta-feira (15) uma resolução para estabelecer pausas e corredores humanitários em Gaza, depois de quatro tentativas fracassadas desde o início do conflito entre Israel e o Hamas.
O mais alto órgão executivo da ONU aprovou uma resolução proposta por Malta com 12 votos a favor, nenhum contra e três abstenções: de Estados Unidos, Reino Unido e Rússia, que tentou sem sucesso introduzir uma emenda antes da votação.
A resolução adotada pede uma pausa humanitária “urgente e abrangente” nos combates por “um número suficiente de dias” para permitir que a ajuda entre na Faixa de Gaza em prol dos civis “e especialmente das crianças”, e para a retirada das crianças feridas e de seus cuidadores.
A representante de Malta, Vanessa Frazier, disse que Gaza “está se tornando um cemitério de crianças” e pediu aos outros membros que superem suas divergências e “não fechem os olhos para o sofrimento delas”.
O texto também pede a libertação imediata e incondicional dos reféns feitos pelo Hamas, embora não inclua uma condenação explícita dos ataques do grupo terrorista a Israel, algo criticado pelos EUA e pelo Reino Unido.
A embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, disse que “não poderia votar sim em um texto que não condenasse o Hamas” e, embora estivesse “desapontada” com isso, ela enfatizou que essa foi a primeira resolução adotada que “menciona” o grupo palestino.
Antes da votação, o embaixador russo Vasili Nebenzia tentou fazer com que o texto pedisse “uma trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada que levasse ao fim das hostilidades”, mas não obteve sucesso devido ao bloqueio dos EUA, apesar de ter recebido cinco votos favoráveis.
Pouco antes da reunião, o representante palestino na ONU, Riyad Mansour, enviou uma carta ao Conselho de Segurança na qual acusava Israel de violar a lei internacional ao atacar o hospital Al Shifa, e os soldados israelenses de saquear as instalações, destruir equipamentos, agredir médicos e expulsar pacientes, funcionários e civis que lá se abrigavam por terem tido que deixar suas casas.
O Conselho não havia conseguido uma resolução devido aos vetos cruzados dos EUA, de um lado, e da Rússia e da China, de outro, mas no final de outubro a Assembleia Geral, cujas resoluções não são obrigatórias, relatou uma vontade internacional majoritária sobre a cessação das hostilidades.