Josias de Souza também considerou que o presidente saiu “ileso” da entrevista
O colunista Josias de Souza, do portal UOL, avaliou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) conquistou dois feitos durante a sabatina no Jornal Nacional nesta segunda-feira (22). O primeiro deles foi sair “ileso do embate com William Bonner e Renata Vasconcelos”. O segundo foi “esmurrar o Grupo Globo” sem nem ao menos tocá-lo, por meio do nome de Dario Messer, escrito em sua mão esquerda. Sem precisar falar, Bolsonaro relembrou a delação premiada feita em 2020 pelo doleiro, que afirmou ter repassado dólares em espécie para a família Marinho durante os anos 90.
– [Bolsonaro] executou um golpe inédito no pugilismo. Esmurrou o Grupo Globo sem tocá-lo. Em gestos ensaiados, o capitão sacudiu as mãos abertas diante das câmeras. Exibia na mão esquerda uma cola. Nela, liam-se os nomes de três países, Nicarágua, Argentina e Colômbia, e de uma pessoa: Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”. Bolsonaro não precisava de cola para lembrar dos três países que ele inclui na “onda vermelha” que varre o continente. Foram anotados apenas para tornar a cola mais chamativa. Era Messer que o entrevistado desejava realçar, como se convidasse o espectador a passar o nome no Google. Coisa combinada com o filho Carlos Bolsonaro – analisou Josias.
Para o colunista, o presidente optou por não mencionar explicitamente o nome de Messer durante a entrevista para que não fosse rebatido.
– Pilhado na Lava Jato, Dario Messer fez delação premiada em 2020. Disse ter repassado dólares em espécie à família Marinho na década de 1990. Em nota, os proprietários do Grupo Globo negaram ter realizado operações de câmbio no mercado clandestino. Citando-o, Bolsonaro amargaria o contragolpe de um desmentido formal. Exibida sorrateiramente, a maledicência ganhou as redes sociais sem resposta – prosseguiu o comunicador.
Josias disse ainda que o presidente desviou dos golpes de Bonner e Renata com “mentiras, meias verdades e manipulações” e que desconversou com “respeito e sobriedade”. O colunista concluiu sua análise afirmando que o presidente saiu ileso por não ter perdido votos, mas que tampouco conquistou novos eleitores.
– No geral, Bolsonaro mentiu e desconversou com respeito e sobriedade. Ou seja: soou na bancada do Jornal Nacional como se estivesse completamente fora de si. E ainda alardeia que foi à entrevista sem treinamento! Não disse nada capaz de seduzir multidões de eleitores pobres ou de ex-bolsonaristas indecisos. Tampouco roubou votos de Lula, poupado durante toda a entrevista. Mas é certo que, a despeito dos panelaços, não perdeu votos com a entrevista – completou.
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