Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva Foto: EFE/ André Coelho
O colunista Guga Chacra, do jornal O Globo, lamentou o tom “quase eufórico” com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e afirmou tratar-se de um erro “grave”. Embora tenha defendido restabelecer “diálogo” com o país vizinho, o jornalista observou que o petista foi além e “celebrou” um “ditador reacionário”.
– Não é um problema o Brasil restabelecer relações com a Venezuela. Trata-se de uma nação vizinha e existe a necessidade de um diálogo. O regime ditatorial no país não deve ser encarado como um empecilho já que o Brasil, assim como todos os outros países do mundo, mantém relações com ditaduras. Basta dizer que a China é a principal parceira comercial da maioria dos países do planeta (…). O grave na recepção do presidente Lula a Nicolás Maduro está na celebração de um ditador e no tom quase eufórico do seu discurso – declarou Chacra nesta segunda-feira (29).
Na sequência, o colunista frisou que, diferentemente de outros líderes de esquerda da América do Sul, “Maduro não é uma liderança democrática”, mencionando que a Venezuela possui apenas 15 pontos no ranking de democracia da Freedom House, que vai de 0 a 100.
Chacra também criticou a postura de Lula de responsabilizar os Estados Unidos pelas mazelas do país venezuelano.
– Cerca de 7 milhões de venezuelanos deixaram o país diante da crise econômica, segundo o Human Rights Watch. O presidente Lula argumenta que seriam as sanções econômicas impostas pelos EUA. Embora seja legítimo criticar a estratégia dos EUA, isso não se sustenta porque o Irã, alvo de sanções incomparavelmente maiores, não vê o mesmo fluxo de saída – observou.
O jornalista prosseguiu citando os métodos repressivos adotados pelo governo Maduro a dissidentes e à reivindicação de direitos básicos, segundo apontou a Anistia Internacional e uma missão da ONU. O colunista ainda apontou que, apesar de Maduro ser considerado de esquerda, diversas das posturas do ditador não se alinham à pauta progressista.
– Trata-se de um líder que não concede todos os direitos para a comunidade LGBTQ+, já fez uma série de declarações homofóbicas no passado e é contra o direito ao aborto, além de ter uma economia focada no petróleo, indo totalmente contra uma agenda ambiental – refletiu.
Chacra finalizou enfatizando que “Lula deveria ter consciência de que está celebrando um líder ditatorial e não somente um colega da esquerda latino-americana”.
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