CENTO E TRINTA E UM ANOS

Destaque

Barreiras: 125 anos de história | Jornal Gazeta do Oeste

Em 1979, quando cheguei a Barreiras, ela tinha apenas 88 anos. No local onde hoje funciona a Câmara Municipal, desembarquei na antiga Rodoviária. Ainda bem distante do centro da cidade. Comum afirmar na época: Turma da Rua de Cima e Turma da Rua de Baixo. Divisão natural proporcionada pela BR-135.

Permitindo acesso provável para Brasília, Goiás, Piauí, Tocantins, Minas e Salvador. Todavia o trajeto para esses Estados e Capitais era povoado de inúmeros transtornos. Estradas precárias, cujas dificuldades se multiplicavam na temporada das chuvas. A opção era ainda o Rio Grande que ao desaguar no Velho Chico, ligava Barreiras a Juazeiro. Viagem fluvial que poderia custar mais de onze dias para se concretizar.

Foto 5: [Rua Presidente Vargas : Mercado Municipal [Caparrosa] : Barreiras,  BA

Porém, era de lá que chegavam as mercadorias, as provisões, cartas e jornais impressos. Notícias atrasadas, mas que alimentavam a curiosidade dos antigos barreirenses. O velho cais do porto permitia ainda a navegação, pois não tinha sido assoreado por uma obra, que até hoje não tem explicação lógica.

Sem rádio, sem notícia e sem televisão, o isolamento não conseguia afogar a predisposição de seus moradores pela política.  Uma atração que nos anos eleitorais efervescia e dividia a população, com interesses que hoje não são tão intensos.

Agência de Estatística : Biblioteca Mario Barbosa : Câmara Municipal :  Barreiras, BA - 1951 | Barreirinhas, Camara municipal, Barreiras bahia

Comícios épicos de discursos apaixonados que seguiam um ritual prévio. Praça da Igreja, Beira no Cais, Esquina do Neto e até na velha Praça do Coreto, em Barreirinhas. Na época bairro muito pequeno, mas em contrapartida populoso. A velha Ponte de Madeira, de apenas uma via, com portais que limitavam a altura das cargas, ainda era o acesso mais utilizado.

Tradicionalmente os barreirenses nativos e os que aqui chegaram e se estabeleceram geraram o que existe hoje. Um progresso que extrapolou expectativas. Considerando que na época, ser transferido para Barreiras e ocupar cargo público, mesmo de chefia, era uma espécie de punição ou castigo. Hoje é privilégio.

Contemplo a noite, da janela desse apartamento e observando o piscar das luzes, me pergunto: Quantas pessoas conhecem de fato, sua História?

 

Guto de Paula

Comentarista e Cientista da Política

Deixe uma resposta