Casos de dengue aumentam 435% e deixam DF em alerta

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Diante da alta da dengue, o GDF anunciou novas ações de combate ao Aedes aegypti. Segundo boletim epidemiológico divulgado pela SES-DF, a capital registrou dois óbitos em decorrência da doença

Retirada de entulho se intensificará nas regiões do Distrito Federal mais afetadas pelo Aedes aegypti -  (crédito:  Geovana Albuquerque/Agencia Brasilia)

Retirada de entulho se intensificará nas regiões do Distrito Federal mais afetadas pelo Aedes aegypti – (crédito: Geovana Albuquerque/Agencia Brasilia)

O aumento de casos de dengue no Distrito Federal mobilizou as autoridades a tomarem novas medidas de combate à doença. Nessa quinta-feira (18/1), representantes de várias órgãos do Governo do DF (GDF) participaram de uma coletiva de imprensa para anunciar mais ações de enfrentamento. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), foram notificados 7.614 casos prováveis entre 31 de dezembro de 2023 e 13 de janeiro de 2024. Se comparado ao mesmo período do ano passado, que registrou 1.370 casos, houve um aumento de 435%. Até o momento, dois óbitos foram confirmados por conta da doença. No DF, há 12 mortes suspeitas que estão em análise para saber se a causa foi devido a arboviroses, doenças causadas pelo vírus causador da dengue, da chikungunya e da zika.

Entre as medidas tomadas para combater a doença transmitida pelo Aedes aegypti, o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, informou que serão colocadas nove tendas ao lado das administrações regionais de Brazlândia, Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do sol, Samambaia, Sobradinho, São Sebastião, Estrutural, Recanto das Emas e Santa Maria, onde o número de casos se mostra elevado. “A ideia é a presença maciça e ostensiva do Estado nessas regiões para facilitar o atendimento, ficar mais próximo da população, aumentar o combate e para que a gente possa dar um atendimento médico e orientação melhor no DF”, destacou Rocha, ressaltando que a conscientização da população é fundamental.

As tendas ficarão nesses locais por 45 dias, podendo ser ampliado por um período maior, caso necessário. O funcionamento será das 7h às 19h. “As tendas serão montadas nesta sexta-feira (19/1) e começarão os atendimentos no sábado (20/1)”, disse o secretário. Elas terão atendimento médico, hidratação e testes de dengue. “Vamos intensificar a testagem”, afirmou Rocha. De acordo com o secretário, o DF está realizando cerca de 600 testes por dia. Nesse mesmo período no ano passado, a capital fez cerca de 140 por dia.

O secretário-chefe da Casa Civil explicou que cada tenda terá uma viatura de resgate do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) e suporte de equipe em estratégia da saúde da família com médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e bombeiros. Paralelamente às nove tendas, a Defesa Civil irá montar outras 14 barracas em outras regiões, sendo oito unidades itinerantes, além de disponibilizar drones para verificar focos de dengue e o canal telefônico 199, que será exclusivo para esclarecer dúvidas sobre a doença. “As barracas vão dar apoio a qualquer tipo de situação que o cidadão venha nos perguntar sobre ações para se prevenir, onde ser atendido, sobre denúncias de possíveis focos para que seja encaminhado aos demais órgãos”, detalhou o subsecretário da Defesa Civil, coronel Sandro Gomes.

A SES-DF havia anunciado a ampliação do horário de atendimento de 11 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a partir da última quarta-feira, diante do aumento de casos de dengue. Os postos estão funcionando de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h. O GDF orienta a população a procurar, em primeiro lugar, as unidades básicas sempre que apresentar sintomas leves característicos da doença, como febre alta (acima de 38º C), dores no corpo, nas articulações, atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, cefaleias e possíveis manchas vermelhas pelo corpo.

Atendimento

A partir deste sábado (20/1), as UBSs 2 de Ceilândia e 2 de Brazlândia passarão a funcionar aos fins de semana, das 7h às 19h. Outras 60 unidades abrem aos sábados, das 7h às 12h. Nos casos mais graves, que envolvem dores intensas na barriga, vômitos persistentes, sangramentos no nariz, na boca ou nas fezes, tonturas e extremo cansaço, os pacientes são encaminhados para uma das 13 unidades de pronto atendimento (UPAs) espalhadas no DF.

Secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio destacou que o governo está empenhado no enfrentamento à dengue com uma união entre as pastas. “Em 2023, o DF teve números baixíssimos de dengue, mas o vírus está circulando e temos oscilações climáticas que favorecem tudo isso”, comentou. Lucilene acrescentou ainda que a divulgação da rota do fumacê ocorre semanalmente. “Vamos ter um fumacê em cada região administrativa. Mas nada engessado, as decisões podem ser ajustadas e moldadas conforme o número de casos”, avaliou. Nesta sexta-feira (19/1), o carro do fumacê estará atuando principalmente nas regiões da Asa Sul, Cruzeiro e Sudoeste, conforme cronograma.

Outro ponto informado na coletiva é a respeito do Dia D de combate à dengue. Neste sábado (20/1), a região de Samambaia, segunda localidade com maior incidência de casos, receberá um esforço coletivo das pastas para o enfrentamento junto à população local, assim como ocorrido no P Sul, em Ceilândia, no fim de semana anterior.

Estiveram presentes na coletiva de imprensa também o presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Fernando Leite; a Comandante do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), coronel Mônica Miranda; comandante-geral da Polícia Militar do DF (PMDF), coronel Ana Paula Habka; e o presidente do Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Silvio de Moraes.

Descarte de lixo

Durante a coletiva, o secretário-chefe da Casa Civil destacou a importância de se atentar ao descarte do lixo para evitar os focos de proliferação dos mosquitos da dengue. “Há 54 locais de descarte irregular de lixo e o SLU vai intensificar e fazer a limpeza disso ao lado da Novacap para impedir que volte a ser utilizado como descarte”, afirmou Gustavo Rocha. “É fundamental que a população faça a sua parte, porque o Estado sozinho não consegue resolver tudo”, enfatizou.

Presidente da Novacap, Fernando Leite detalhou que a companhia dará a base e o suporte de pessoal e equipamentos para a atuação nos locais de descarte irregular e no recolhimento de lixo verde. “Esse é aquele lixo que as pessoas recolhem em suas casas em decorrência de podas de árvores e gramados e esse material é colocado geralmente em frente às casas ou em canteiros centrais. É um foco comprovado de dengue”, comentou.

Em parceria com a Novacap, o presidente do SLU, Silvio de Moraes, reforçou o compromisso do serviço no processo de combate à dengue, em especial nas nove regiões que estão com foco da doença em maior intensidade. “Nessas cidades, nós temos 54 pontos de descarte irregular. Nosso objetivo é eliminar esses lixões. Vamos limpar todos esses pontos”, disse Silvio. “É muito importante a ajuda da população. Não existe motivo para se jogar entulho e lixo na rua. Nós temos 23 papa-entulhos que são pontos de recolhimento, onde o cidadão pode ir de forma gratuita descartar o resto de obra, móveis velhos, resto de óleo de cozinha, etc”, completou.

CORREIO BRAZILIENSE

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