Uma idosa foi resgatada de um trabalho análogo à escravidão após 72 anos de exploração. O caso aconteceu no Rio de Janeiro, e é o caso mais longo de situação análoga à escravidão registrado no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência (MTP). A idosa foi resgatada há cerca de dois meses, e está aos cuidados da Prefeitura do Rio de Janeiro.
De acordo com o MPT, durante todo o tempo em que esteve trabalhando para a família, a trabalhadora nunca recebeu salários ou benefícios. Ela não casou, não teve filhos e perdeu o contato com os familiares.
“Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”, afirmou Cristiane Lessa, assistente social e diretora do centro de recepção de idosos onde a mulher está abrigada.
Ao ser resgatada, a mulher trabalhava como cuidadora da dona da casa. Foi através de uma denúncia que o Ministério chegou até a residência, que fica na Zona Norte do Rio de Janeiro. A idosa dormia em um sofá, na entrada do quarto principal.
“Essa senhora, que os empregadores alegam que é da família — e não é —, fica absolutamente submissa. O empregador que fala por ela. Qualquer resposta que a gente solicita dela, é o empregador que responde. Os documentos dela não estão de posse dela mesma. O empregador que tem esses documentos”, contou Alexandre Lyra, auditor fiscal do trabalho.
No final de abril, um outro caso de trabalho análogo à escravidão repercutiu na imprensa: Madalena Silva, uma mulher negra de 62 anos, dos quais 54 foram de exploração, demonstrou medo ao tocar na mão de uma repórter branca. Em 2021, o Brasil registrou o maior número de pessoas resgatadas em condições análogas à escravidão desde 2013: foram 1.937 trabalhadores resgatados de exploração.
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