Mulher de líder do Comando Vermelho fez visita ao Ministério da Justiça
Jair Bolsonaro Foto: EFE/ Sebastião Moreira
Em uma reação à revelação de que assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, receberam dentro do prédio do ministério uma integrante do Comando Vermelho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais na manhã desta terça-feira (14) para comentar o caso envolvendo membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integrantes da facção criminosa.
Bolsonaro compartilhou a reportagem do Estadão e escreveu: “Culpem o Bozo que o sistema faz a parte dele!”.
É a primeira manifestação pública do ex-chefe do Executivo após o caso vir à tona. Aliados de Bolsonaro pressionam o Legislativo e os órgãos de controle, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), a abrirem processos investigatórios.
Nesta terça (13), a pasta comandada por Dino argumentou que não tinha como saber da relação de Luciane Barbosa Farias com o Comando Vermelho, pois quem pediu a audiência foi advogada Janira Rocha, ex-deputada estadual pelo PSOL no Rio de Janeiro. Portanto, não havia prévio conhecimento da presença de Luciane na reunião. Os documentos mostram, porém, que Janira é ligada também à facção.
A advogada responsável por agendar com o Ministério da Justiça a realização de audiências com a presença da mulher do líder do Comando Vermelho no Amazonas recebeu pagamentos da facção criminosa, conforme recibos bancários obtidos pelo Estadão. O nome de Luciane não aparece na agenda do ministério – apenas o de Janira.
Conhecida como “dama do tráfico amazonense”, Luciane Barbosa Farias esteve em audiências com dois secretários e dois diretores da pasta de Dino num período de três meses. O nome dela não consta nas agendas oficiais. Ela é esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, considerado um dos líderes do Comando Vermelho.
Procurado, o Ministério da Justiça admite que a “cidadã”, como se refere a Luciane, foi recebida por secretários do ministro Flávio Dino, mas afirma que ela integrou uma comitiva e era “impossível” o setor de inteligência detectar previamente a presença dela. Agendas públicas de autoridades costumam trazer informações sobre os demais participantes das reuniões, e não apenas da pessoa que pediu a agenda. A falta de controle pode inclusive representar um risco para os servidores.