Áudios divulgados pela revista Veja nesta quinta-feira (21) trazem acusações graves feitas por tenente-coronel Mauro Cid contra a Polícia Federal e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirma que foi induzido a corroborar declarações de testemunhas e que um dos delegados o constrangeu a reproduzir informações específicas sob ameaça de perder os benefícios do acordo de delação premiada.
– Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo – afirma Cid.
O militar também teria reclamado a pessoas próximas que suas declarações foram distorcidas, com informações tiradas de contexto e outras convenientemente omitidas pela PF. Ele afirmou que os delegados só incluíram na delação relatos que se encaixavam com a “narrativa” da PF.
– Eu vou dizer o que eu senti: já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar – desabafa o tenente-coronel.
Na conversa, Mauro Cid também diz que Alexandre de Moraes já tem a sentença pronta e que tem o desejo de prender “todo mundo”.
– Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo.
E continua:
– O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação.
Em outros áudios, o ex-ajudante de ordens mostra que está insatisfeito por ser o mais prejudicado. Cita as doações de Pix para Jair Bolsonaro e afirma que o ex-presidente ficou “milionário”, enquanto ele sofreu muitas perdas.
Cid também se mostra preocupado com quantos anos de prisão os aliados de Bolsonaro serão condenados, já que os acusados do 8 de janeiro foram condenados a 17 anos.