Após quase 48 horas atracado em Salvador, sem autorização para embarcar ou desembarcar passageiros e tripulantes, finalmente, a situação do Costa Diadema teve seu desfecho. No início da tarde dessa sexta-feira (31), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu as atividades da embarcação. O navio retornará ao Porto de Santos sem chegar a Ilhéus, último destino que estava previsto no roteiro da viagem, que só terminaria em 3 de janeiro.
Os passageiros que testaram positivo para covid-19 cumprem quarentena em um hotel da capital, disponibilizado pela operadora do cruzeiro. Já os moradores de Salvador que comprovaram residência também foram autorizados a desembarcar.
|
Passageiros com residência em Salvador foram autorizados a desembarcar antes do navio seguir para Santos
(Foto: Marina Silva/ CORREIO)
|
A medida foi adotada pela Anvisa depois que foi feita a investigação epidemiológica conduzida pela agência e por técnicos das Secretarias de Saúde do Estado da Bahia e do Município de Salvador, que concluiu a ocorrência de transmissão comunitária de covid-19 a bordo da embarcação. O Costa Diadema chegou a Salvador às 8h de quinta, com 3.836 passageiros e tripulantes a bordo.
A medida foi adotada pela Anvisa depois que foi feita a investigação epidemiológica conduzida pela agência e por técnicos das Secretarias de Saúde do Estado da Bahia e do Município de Salvador, que concluiu a ocorrência de transmissão comunitária de covid-19 a bordo da embarcação. O Costa Diadema chegou a Salvador às 8h de quinta, com 3.836 passageiros e tripulantes a bordo.
Desde as 8h da manhã, a família do fisioterapeuta Ivo Carvalho aguardava, em uma sala reservada no Costa Diadema, a liberação do desembarque. Mais de cinco horas depois, dois alívios: um, de ter a certeza que vai passar o Ano-Novo fora do cruzeiro e outro, da testagem para covid ter dado resultado negativo.
“Meu sogro, sogra e minha cunhada estavam no cruzeiro. Desde que o navio chegou em Salvador estávamos nessa expectativa, porque já na saída do Porto de Santos se ouvia os comentários de casos de contaminação.” Essa foi a primeira viagem turística dos familiares na pandemia.
“Eles contaram que foram muito bem tratados com relação aos serviços, mas criticaram a falta de informação para quem estava dentro do navio”, disse Ivo.
Dentro do navio, o turista de Goiás Vanderick Filho relatou à TV Bahia a situação que os passageiros vivem desde a descoberta do surto. “É complicado o que estamos vivendo aqui. Os protocolos não estão sendo muito cumpridos dentro do navio. Festas lotadas até altas horas da noite. Há ambientes internos que a gente vê pessoas com máscara, mas nas áreas externas, não é muito comum, não.”
Vanderick contou também que os passageiros só tiveram conhecimento do surto de covid via internet e redes sociais. Ele e a família foram testados duas vezes. “Cada um conta uma história diferente. As informações que conseguimos são todas do ambiente externo ou alguém da tripulação. Mas, nenhuma informação oficial de dentro do navio. A mais recente foi dada pelo comandante informando que o cruzeiro estava suspenso, que iriamos voltar para Santos e os restaurantes e entretenimento seriam fechados”.
O comunicado provocou uma correria e aglomeração dos passageiros para guardar mantimentos, como completa o turista goiano. “Na mesma hora saiu todo mundo correndo para pegar água e levar para a cabine”.
A Costa Crociere reforçou, em nota, que cooperou com a Anvisa: “A segurança, a saúde e o bem-estar dos hóspedes, tripulantes e das comunidades no destino são prioridades máximas”. A empresa não deu informações sobre a previsão de chegada em Santos ou orientações sobre ressarcimentos com o cancelamento do cruzeiro. A agência suspendeu novas operações pela a embarcação ao chegar ao Porto de Santos, até que se tenha uma melhor avaliação do cenário epidemiológico pelo órgão.
‘Evitem esse tipo de viagem’, diz agência dos EUA
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês) dos Estados Unidos aumentou, na última quinta-feira, para 4 seu nível de advertência para navios de cruzeiro, o mais alto da escala. “Evitem este tipo de viagem, independentemente da situação vacinal”, afirmou a agência em comunicado publicado no The New York Times e traduzido pelo jornal Folha de S.Paulo.
A medida foi anunciada após o número de casos em cruzeiros crescer nas últimas semanas, levando alguns portos a recusar embarcações. Na semana passada, dezenas de pessoas em um navio da companhia Royal Caribbean International testaram positivo depois que a embarcação partiu de Fort Lauderdale, na Flórida. Outro navio da Carnival Cruise Line retornou a Miami no domingo (26) depois de infecções ‘entre um pequeno número de pessoas a bordo’.
Chamando a decisão do CDC de ‘espantosa’, o grupo setorial de cruzeiros, a Associação Internacional de Linhas de Cruzeiro, disse em comunicado que o número de casos a bordo formou uma minoria muito reduzida da população total.
Correio da Bahia