Os aliados descontentes mais próximos de Lula evitam levar ponderações ao ex-presidente. À reportagem um integrante da pré-campanha relatou que a inércia em aconselhar e até tirar o petista do caminho das “cascas de banana” se deve a indefinições na coordenação eleitoral.
O primeiro atrito levou à queda do ex-ministro Franklin Martins do controle da comunicação da campanha, após divergências com petistas como a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o secretário de Comunicação, Jilmar Tatto. A briga também provocou a demissão do marqueteiro Augusto Fonseca, que fora bancado pelo ex-ministro.
Nas últimas semanas, petistas têm se reunido em um hotel em São Paulo para pôr fim ao impasse. Estão divididos entre os nomes do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), e o ex-presidente do partido, Rui Falcão, para comandar a comunicação. O nome favorito é o de Edinho, mas Falcão deve assumir algum posto na coordenação.
“Eu não estou na campanha do presidente Lula, não estou no cotidiano da campanha, não sei em que circunstâncias ele deu essas declarações”, disse Edinho, ao ser questionado sobre as repercussões negativas. Edinho tem dito que só aceitará cargo que não exija seu afastamento da prefeitura de Araraquara.
Falcão e Edinho foram chamados para uma reunião com Lula na terça, na qual receberam ao lado do ex-presidente o resumo de pesquisas encomendadas pelo partido. Saíram do evento quase ao mesmo tempo. Os presentes disseram que a coordenação não foi discutida. A diferença entre Lula e Bolsonaro tem caído, mostra análise feita pelo Estadão/Broadcast em 12 pesquisas recentes de intenção de votos para a Presidência da República.
Marketing
A preocupação em alinhar Lula ao centro e dialogar com setores que vão além da esquerda está também no marketing eleitoral. Recém-contratado, o publicitário Sidônio Palmeira fará de tudo para evitar que inserções e peças tratem de temas considerados “bola dividida”.
Ele prefere focar em assuntos como o desemprego e questões sociais. Palmeira fará uso do verde e amarelo da Bandeira Nacional – mesmo que não venha a esconder totalmente o vermelho, alvo de críticas em 2018, na campanha Fernando Haddad. Ele também prefere que o PT busque o diálogo com o empresariado e o centro.
Aliados reclamam do que consideram excesso de escrutínio sobre as declarações do ex-presidente. “Há uma cobrança exagerada em relação ao ex-presidente Lula. A todo momento, cobra-se que ele fale sobre tudo, e, quando ele se manifesta, as interpretações sempre são esdrúxulas e muito pouco generosas”, afirmou o líder do Grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, um dos articuladores da campanha de Lula e da aliança com Alckmin.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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