Jorge Messias falou sobre campanha do governo para ganhar evangélicos para o PT
Lula toma banho de pipoca em Salvador, no ano de 2017 Fotos: Instituto Lula/Ricardo Stuckert
O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, minimizou a rejeição dos evangélicos ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi registrada pelos principais institutos de pesquisa do país em levantamentos realizados no mês de março.
– Eu não acho que o segmento evangélico tenha resistência como se coloca ao presidente – afirmou Messias durante a Brazil Conference, em Universidade Harvard.
Pesquisas encomendadas pelo Palácio do Planalto reforçaram os indicativos de queda na popularidade de Lula, especialmente no segmento evangélico, que representa 30% do eleitorado. A portas fechadas, o diagnóstico é que o governo tem perdido a batalha da comunicação para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em resposta, o Planalto organizou a campanha publicitária intitulada Fé no Brasil. A ação está baseada na exibição de peças com indicadores positivos do governo durante as visitas de Lula e dos ministros aos estados. Questionado sobre se participou da concepção do projeto, Messias disse que o slogan é fruto do “trabalho que vem desde a campanha e da nossa (governo) aproximação com o segmento”.
– Nosso trabalho com o segmento evangélico é uma relação respeitosa, mas com o foco na construção de políticas para toda a população, que é o papel do Estado. Precisamos lembrar que o Estado é laico – prosseguiu em discurso contraditório.
Ainda de acordo com o ministro, Lula “tem cumprido absolutamente tudo aquilo que ele se comprometeu com o povo evangélico” durante a campanha ao apresentar uma carta de intenções, mas sem citar nenhum dos tópicos. Porém, os dados da pesquisa Atlas/Intel divulgada no dia 10 de março mostram que 41% dos evangélicos consideram a gestão petista ruim ou péssima. Entre a população geral, a avaliação negativa é de 32%.
Messias diz que todos os ministros têm a obrigação de dialogar com os diferentes setores sociais, mas que ele assume papel de destaque na aproximação com os evangélicos por ser seguidor da religião.
– Como eu tenho 40 anos de evangélico na igreja Batista, eu tenho uma interlocução mais próxima com o segmento evangélico, mas dialogo com todos os segmentos religiosos – disse.
POLÍTICA
A campanha Fé no Brasil pretende transmitir a ideia de que, após um ano definido por Lula como sendo de “plantar”, chegou a hora “da colheita” e as promessas saíram do papel. A propaganda aparecerá em rádio, TV, jornais e mídias digitais. Nas redes sociais, os anúncios serão emoldurados pela inscrição “Bote fé no Brasil”, com letras coloridas, ao lado de “Estamos no rumo certo”.
Messias assume a dianteira da interlocução com os evangélicos ao lado dos ministros Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social. Há duas semanas, Padilha e Messias se reuniram com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica no gabinete da liderança do PSD, na Câmara, e ouviram muitas queixas.
As principais queixas dos deputados estão relacionadas ao fato de que, quando votam a favor de alguma medida do governo, são sempre associados à defesa do aborto e das drogas. Os ministros, contrariando os fatos expostos em larga escala nas redes sociais, disseram que Lula não defende essas pautas.