Somente com a produção de programas para a propaganda eleitoral gratuita foram gastos R$ 310 milhões em 2018
As eleições gerais de 2018 consumiram R$ 3 bilhões. A maior parte dessa enxurrada de dinheiro, cerca de 70%, se originou no Fundo Partidário e no Fundo Eleitoral, bancado pelo pagador de impostos. O restante aparece identificado como “outros recursos”, o que inclui doações privadas e dinheiro do próprio candidato.
Um levantamento feito por Oeste em dados da Justiça Eleitoral mostra que os gastos com publicidade por materiais impressos — como santinhos, banners, cartazes, outdoors, etc — somam um valor próximo de R$ 570 milhões, liderando o ranking das despesas. E nesse cálculo não estão inclusos os adesivos, como os utilizados nos carros, que movimentaram por volta de R$ 180 milhões. Na lista, entram todos os custos, incluindo as contas de água (quase R$ 2 milhões), eletricidade (cerca de R$ 600 mil) e telefone (perto de R$ 500 mil).
O custeio de carros de som, por exemplo, chegou a R$ 15 milhões — e a criação dos jingles, das vinhetas e dos slogans consumiu pouco mais de R$ 22 milhões. Ao todo, essa conta se aproximou de R$ 40 milhões.
As despesas com o pagamento direto de impostos, contribuições e taxas também entram na prestação de contas dos candidatos. Foram pagos cerca de R$ 700 mil aos cofres públicos. Paradoxalmente, dois terços desse valor foram bancados com recursos dos fundos Eleitoral e Partidário, transferidos dos cofres da União.
Somando as declarações dos candidatos, aproximadamente R$ 420 milhões teve como destino despesas com pessoal. Ainda existem os gastos com pessoal terceiro (praticamente R$ 400 milhões), atividades com militância e movimentação de rua (por volta de R$ 310 milhões) e várias outras despesas.
A lista é composta por 38 itens. Entre eles, por exemplo, estão em torno de R$ 310 milhões destinados à produção de programas de rádio, televisão ou vídeo. Esses conteúdos também são utilizados no assim chamado horário gratuito de propaganda eleitoral.
Gastos podem dobrar em 2022
Cada uma desses gastos já possuem receitas bancadas pelos pagadores impostos suficientes para quase dobrar. Apenas com o Fundo Eleitoral, os partidos têm disponível cerca de R$ 5 bilhões em recursos e R$ 640 milhões do Fundo Partidário, repassados entre janeiro e agosto.
E ainda podem entrar os recursos privados: doações e dinheiro dos próprios candidatos. A Justiça Eleitoral estabeleceu tetos para os gastos totais das campanhas. Os valores oscilam entre R$ 1,3 milhão (valor permitido para um deputado estadual ou distrital e R$ 133 milhões para as campanhas presidenciais, somando os dois turnos.
Para os deputados federais, o limite também é fixo em todos os Estados e no Distrito Federal, diferentemente do o que ocorre para os senadores e os governadores. Na disputa pelos Executivos Estaduais, as cifras máximas — somando os dois turnos — oscilam entre R$ 40 milhões em São Paulo e pouco mais de R$ 5 milhões no Acre. Do mesmo modo, esses dois Estados estão nos extremos dos custos permitidos para as campanhas ao Senado: cerca de R$ 7 milhões e por volta R$ 3 milhões, respectivamente.
REVISTA OESTE