A eleição de vida ou morte em Salvador

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Rodrigo Daniel – Tribuna da Bahia

É hiperbólico dizer que uma eleição é de “vida ou morte” para um político. Mas vocês sabem como é: jornalista gosta de um certo exagero. E pode ser mesmo exagero dizer que o pleito de 2024 será de “vida ou morte” para Bruno Reis (União Brasil), mas não é hipérbole afirmar que é uma eleição crucial para o futuro político do atual prefeito de Salvador. Você pode estar se perguntando por quê.

Se Bruno Reis perder em sua tentativa de reeleição, ele enfrentará grandes dificuldades para retornar à vida pública. Será complicado para ele se tornar prefeito novamente, ou até mesmo aspirar a cargos como governador ou senador no futuro, caso sofra uma derrota. Além disso, o prefeito irá ver o projeto político do seu líder ACM Neto (União Brasil) desmoronar de vez. Sem o controle de Salvador, que é a maior base eleitoral da Bahia, será praticamente impossível para o ex-prefeito conquistar o governo estadual em 2026, como ele aparentemente deseja.

Mas esta eleição de 2024 não será apenas de “vida ou morte” para Bruno Reis. Se for candidato a prefeito de Salvador, Geraldo Júnior (MDB), atual vice-governador da Bahia, também enfrentará uma situação de “vida ou morte” política. É provável que ele perca o pleito, dado que está competindo contra um candidato à reeleição. Mas o emedebista jamais pode sair da corrida eleitoral menor do que entrou. E deste risco, ele não está livre. Em 2020, concorreu à reeleição como vereador na capital baiana e saiu enfraquecido. Mesmo na presidência da Câmara de Vereadores, ele só conseguiu ser o segundo mais votado.

Se não contar com o apoio total dos petistas, Geraldo Júnior provavelmente sairá da eleição como um político de pouca relevância. E esse é o perigo que ele enfrenta. Os petistas geralmente apoiam apenas candidatos de seu próprio partido. Dito de outra forma, só veem o próprio umbigo. Alice Portugal bem sabe que não foi divino nem maravilhoso disputar aquela eleição de 2016, sem o apoio da militância petista.

Se Geraldo Júnior fracassar nas urnas em 2024, é quase certo que ele será excluído da chapa à reeleição de Jerônimo Rodrigues (PT) dois anos depois. Ele está ciente disso, por isso tornou o apoio total de seu grupo político uma condição para sua candidatura. Não é à toa também que ele tem elogiado o Partido dos Trabalhadores com frequência.

Não há dúvida de que Bruno Reis é o favorito na eleição do próximo ano. Tem o controle da máquina pública, que é relevantíssima em uma cidade tão carente como Salvador, e possui a seu favor o histórico de que todos os prefeitos que tentaram a reeleição foram bem-sucedidos. Além disso, é bem avaliado, deve ter tempo considerável de exposição na televisão, muito dinheiro em sua campanha e um forte apoio político de ACM Neto. No entanto, se o favoritismo decidisse eleições, ACM Neto seria o governador da Bahia hoje. Ou não seria?

*Jornalista e mestre em Comunicação Política/Ufba.

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