OPERAÇÃO FAROESTE
por Cláudia Cardozo / Mauricio Leiro
Foto: Divulgação
A recondução de Ediene Lousado para o cargo de procuradora-geral de Justiça do Estado da Bahia contou com o auxílio da desembargadora Sandra Inês Rusciolelli, de acordo com a Polícia Federal. Segundo o relatório de análise de material obtido pelo Bahia Notícias, a desembargadora teria avisado a Ediene, através da irmã, a procuradora de justiça Sara Mandra Rusciolelli, que estaria auxiliando na recondução.
A PF apresentou que Sara teria informado através de mensagens de aplicativo que Sandra Inês teria mandado dizer que tinha uma pessoa com “grande influência com o governador Rui Costa procurou saber se ela estaria precisando de reforço para a recondução no cargo de procuradora Geral de Justiça” e acreditava que a pessoa “seria do Judiciário”.
Em resposta, Ediene ainda diz que “toda ajuda é bem-vinda” e que a desembargadora Maria Socorro Santiago havia lhe dito que a ajudaria com o governo. A conversa entre Sara e Ediene também teve assuntos relacionados aos processos que Sandra Inês Rusciolelli e Vasco Rusciolelli estavam enfrentando à época. Sandra e Vasco chegaram a ser presos no âmbito da Operação Faroeste.
“Sara diz que as filhas estão arrasadas com o episódio, expressa que não aguentaria um escândalo como esse e que ela e Sandra estaria pensando em se aposentar. Arremata alegando desconhecimento do fato em particular”, aponta a PF. Na sequência, as mensagens apresentam Ediene se solidarizando com Sara. Ela então revelou que buscaria mais informações, apesar de pedir que sua interlocutora não “diga a ninguém que ela estaria sabendo”.
“No desenrolar dos diálogos se percebe que as interlocutoras não sabem efetivamente em quais as implicações estaria envolvido o sobrinho da promotora Sara, deixando a entender que o assunto ainda não é de domínio público, sendo consequentemente tratado como sigiloso pela PGR, o que agrava a conduta da PGJ”, alertam os investigadores.
INVESTIGAÇÃO DE TARGINO
Ediene não teria influenciado somente o campo jurídico. A ex-procuradora Ediene Lousado também se movimentou no campo político, juntamente com o ex-secretário de Segurança da Bahia Maurício Barbosa. “Maurício quer que a gente investigue o Dep Targino [Machado]. Mas o que tem até agora é só crime eleitoral”, disse em conversa com Sara Rusciolelli, segundo a PF.
O deputado estadual Targino Machado foi eleito em 2018 pelo Democratas, e fazia oposição ao governo do estado. O parlamentar perdeu o mandato em ação no Tribunal Superior Eleitoral em outubro de 2020. O documento também pontua que Targino também tecia críticas à cúpula da Segurança Pública da Bahia, fazendo referência a matérias em que o então deputado estadual criticava diretamente a SSP.
“É plausível a suspeição de que a solicitação para a investigação seja uma retaliação pela postura antagonista perseverante do parlamentar com relação à administração estadual e à própria Secretaria de Segurança Pública. O episódio demonstra uma possibilidade de interferência e parcialidade no trato das questões afeitas ao mister do MP-BA”, sinaliza o arquivo da polícia.
A PF também pontua que Maurício Barbosa teria entrado com uma representação criminal/notícia crime contra Targino Machado por crime contra a honra/calúnia.
BAHIA NOTÍCIAS
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