Estamos na iminência de deixar um ano atípico para trás. Desses cujas catástrofes se sucederam e que fomos abalados física e psicologicamente. Onde pessoas aparentemente sadias não resistiram à letalidade de um vírus que tem procedência, mas não tem constatação. Como pessoa que tem mãe como evidência, mas pai como mera suposição.
Conhecidos, colegas, amigos e parentes próximos ou distantes, não estão mais entre nós. Médicos detentores de larga e longa experiência foram calados ou ameaçados de charlatanismo. A verdade se impôs soberana na velha mídia e a Ciência se rendeu às reportagens e não às pesquisas.
Enfim, um ano que não nos deixa saudades positivas e que o único motivo de comemoração é estarmos vivos. Sermos testemunhas oculares de uma história fácil de ser contada, mas difícil de ser compreendida.
Ano de mordaças, de aprisionamentos e de controles sociais travestidos de ciência sanitária. Mas, enfim, sobrevivemos para na virada do ano nos aglomerarmos protocolarmente e comemorarmos esperançosos por um ano diferente.
Ávidos por um ano de recomeço. Possivelmente de resgate de tantos princípios, que de uma hora para outras perderam seu sentido, sua razão de existir. Falo dos conceitos de honra, de caráter, de justiça e de tudo que faz com que o ser humano seja considerado e respeitado como pessoa de índole boa e não um crápula ou um traste deplorável.
Um ano de poderes quânticos onde um presidente que não governa fala algo no Brasil e os preços dos combustíveis sobem na América do Norte e na Europa. Enfim, coisas inacreditáveis que são engolidas facilmente por portadores de neurônios deficientes a título de verdade.
Esse é de fato um ano atípico que dividiu o país entre crédulos e incrédulos, mas que está dando seus últimos suspiros. Espasmos de terror que em nossa cidade causaram danos a muitas famílias e que atingiram o Sul de nossa Bahia com o rigor de uma Natureza que não aceita passivamente ser desprezada.