A ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada a 15 anos de prisão junto com o marido, o ex-presidente Ollanta Humala, chegou a Brasília, nesta quarta-feira (16), sob a proteção do asilo diplomático concedido pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Heredia chegou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), enviado a Lima depois que as autoridades peruanas concederam o salvo-conduto necessário, negociado com o governo brasileiro.
A ex-primeira-dama foi condenada à prisão, nesta terça (15). Logo após saber da sentença, foi à embaixada brasileira em Lima, onde solicitou formalmente um amparo, que foi concedido quase imediatamente.
A esposa do ex-presidente Humala (que governou entre 2011 e 2016) chegou à capital brasileira com um de seus filhos, Samir, que também foi beneficiado com asilo diplomático. Ainda não se sabe se Nadine se estabelecerá em Brasília ou em outra cidade do país.
Humala e sua esposa foram condenados à prisão por um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a construtora brasileira Odebrecht e contribuições ilícitas do falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
O ex-mandatário do Peru foi preso na terça-feira e será mantido na prisão de Barbadillo, em Lima, onde os ex-presidentes Alejandro Toledo e Pedro Castillo também cumprem penas, o primeiro por escândalos ligados à Odebrecht e o segundo por tentar dissolver o Congresso em 2022.
O Brasil tem uma tradição bem estabelecida na área de asilo e já acolheu inúmeras autoridades de diferentes países. Um dos casos mais relevantes foi o do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, que governou com mão de ferro entre 1954 e 1989, quando foi derrubado e se asilou em Brasília, onde morreu em agosto de 2006 e foi enterrado, sem jamais retornar ao país de origem.
Outros importantes políticos paraguaios também receberam asilo no Brasil, como o ex-presidente Raúl Cubas, que renunciou em 1999, e o ex-general Lino Oviedo, acusado de tentar um golpe de Estado contra o governo de Juan Carlos Wasmosy em 1996.
Outro ex-presidente que estava asilado no Brasil era o equatoriano Lucio Gutiérrez, que chegou ao país após ser deposto em 2005.
Fiel a essa tradição diplomática, o Brasil assumiu a custódia da embaixada do Peru em Caracas no ano passado, depois que os diplomatas do país foram expulsos da Venezuela após o polêmico processo eleitoral que confirmou Nicolás Maduro no poder.
Em Caracas, o Brasil também assumiu a custódia da residência da embaixada argentina em agosto, onde cinco opositores foram mantidos em asilo por mais de um ano e ainda não obtiveram o salvo-conduto necessário para deixar o país. A Venezuela revogou a autorização para essa custódia em setembro, mas o Brasil a mantém, já que o governo argentino ainda não designou outro Estado para assumi-la.