A etapa de sondagem geotécnica da futura Ponte Salvador-Itaparica, realizada ao longo dos últimos 12 meses na Baía de Todos-os-Santos, foi oficialmente concluída nesta sexta-feira (4). O procedimento, pioneiro no Brasil por atingir 200 metros de profundidade com extração de material intacto, representa um marco na engenharia nacional e viabiliza a próxima fase do projeto: a finalização do estudo de fundações pela Concessionária Ponte Salvador-Itaparica e a mobilização dos canteiros de obra.
A apresentação dos resultados foi realizada pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), em conjunto com a concessionária responsável, reunindo representantes da comunidade acadêmica, engenheiros e especialistas da área. A operação mobilizou três balsas, uma plataforma de perfuração e tecnologia de compensação de ondas importada da China, assegurando precisão mesmo em condições climáticas adversas.
Segundo o CEO da Concessionária, Claudio Villas Boas, equipamentos avançados vindos da China garantiram a integridade das amostras de solo. “Com tecnologia inédita no Brasil, conseguimos obter dados com alta confiabilidade para garantir segurança e precisão ao projeto de engenharia”, afirmou.
Ao todo, foram 105 furos executados ao longo do traçado da ponte. As análises apontaram uma diversidade geológica entre os trechos próximos à Ilha de Itaparica e à capital baiana, resultado de idades geológicas distintas da Baía de Todos-os-Santos — 66 milhões de anos de um lado e 241 milhões do outro.
Impacto regional e investimento
O projeto da ponte envolve um investimento total de R$ 200 milhões somente na etapa de sondagem, com a contratação de mais de 20 empresas baianas e a geração de 300 empregos diretos. A construção da ponte e dos acessos viários prevê ainda a criação de 7 mil novos postos de trabalho e deve beneficiar cerca de 10 milhões de pessoas em 250 municípios.
De acordo com o superintendente de planejamento e logística da Seinfra, Mateus Dias, o empreendimento terá efeitos transformadores para a Região Metropolitana de Salvador, o Recôncavo e o Baixo Sul. “Estamos falando de um vetor que impulsionará o turismo, comércio, logística, setor imobiliário e muito mais”, disse.
Representantes da UFBA, CREA-BA, Clube de Engenharia e Sinduscon participaram da apresentação técnica. A professora Ana Santana, do Departamento de Geologia da UFBA, destacou o valor científico da sondagem. “É uma geologia desafiadora, mas que está sendo muito bem estudada com tecnologia e rigor técnico. O projeto é um ganho tanto para a ciência quanto para a integração do estado”, pontuou.
Com 12,4 km sobre o mar, a Ponte Salvador-Itaparica será a maior da América Latina. O sistema viário incluirá novos acessos em Salvador e Vera Cruz. A obra é viabilizada por meio de uma Parceria Público-Privada entre o Governo da Bahia e um consórcio chinês. A expectativa é de que o novo corredor de mobilidade reduza distâncias com importantes zonas turísticas em mais de 100 km e estimule o desenvolvimento sustentável em diversas áreas da economia baiana.