Um mês depois do desabamento na Igreja de São Francisco, oito templos continuam interditados

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Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Cidade Baixa

Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Cidade Baixa Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Sete igrejas católicas de Salvador foram interditadas após o teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho, desabar e matar turista paulista. Com a Igreja de São Miguel, fechada em 2019, chega a oito o número de interdições em templos soteropolitanos. Pouco mais de um mês do episódio, os templos continuam fechados. Em conferência realizada pela Associação Bahiana de Imprensa nesta quarta-feira (12), o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Hermano Guanais, explicou que as ordens religiosas e a própria Igreja que são responsáveis pelas intervenções.

“O papel do Iphan, como órgão fiscalizador, é dar ciência ao proprietário de que ali há problemas e recomenda medidas, só que como são bens privados, são eles próprios que fazem a estratégia de tentar resolver esses problemas”, disse o superintendente. O Iphan dá o suporte técnico e, às vezes, até uma ajuda financeira, segundo Guanais, mas o Estado e a Igreja são instituições separadas. O órgão responsável pela interdição é a Defesa Civil (Codesal). “Quando eles (Igreja e ordens) definirem, submetem ao Iphan para aprovar o tipo de intervenção que se propõe”, explicou o superintende.

Na última terça-feira (11), o Iphan anunciou que destinará R$ 1,3 milhão para a realização de reparos emergenciais da Igreja de São Francisco. Serão realizados serviços para estabilização, remoção e acondicionamento dos elementos do forro da nave e da cobertura. O valor do contrato é de R$ 1.376.750,97. O teto de um dos templos mais visitados de Salvador desabou no dia 5 de fevereiro.

A obra deve ser iniciada ainda neste mês. “[os serviços] incluem a realização de levantamentos e diagnósticos, o escoramento e remoção de elementos instáveis, a consolidação dos elementos remanescentes com o reforço da fixação, a proteção dos elementos artísticos integrados, a revisão e reparo da cobertura, bem como a limpeza e remoção do forro que se encontra sobre a nave”, detalhou o Iphan.

Os serviços emergenciais acontecerão paralelamente à elaboração do projeto executivo para a restauração de todo o conjunto da Igreja e do Convento de São Francisco, que já estava em andamento, tendo sido contratado pelo Iphan pelo valor de R$ 1,2 milhão.

Ao todo, sete igrejas católicas foram interditadas pela Defesa Civil de Salvador (Codesal) após o teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho, desabar e matar uma turista de São Paulo. Foram elas: Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, Igreja e Convento dos Perdões, Igreja de São Bento, Igreja dos Quinze Mistérios, Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, Igreja da Ordem Terceira do Carmo e Convento Santa Clara do Desterro. Além das cinco igrejas fechadas recentemente, a Igreja de São Miguel, fechada em 2019, segue interditada.

Outros dois imóveis residenciais também foram interditados em Salvador. Todas as interdições, exceto a da Igreja de São Miguel, aconteceram após uma força-tarefa da Codesal e do Iphan para evitar que mais acidentes aconteçam. Ao todo, 30 igrejas da capital são tombadas pelo Iphan. Em nota, a Codesal disse que “cabe ao órgão tombador junto às entidades mantenedoras prover o restauro” das igrejas interditadas. A Arquidiocese de Salvador foi procurada, por meio da assessoria de imprensa, mas não houve respostas até a publicação desta matéria.

Após o desabamento do teto da igreja, uma força-tarefa foi realizada pelo Iphan em Salvador. Até o último dia de fevereiro, foram vistoriadas 140 edificações. Laudos técnicos e recomendações de medidas necessárias para sua restauração e conservação deverão ser produzidos.

Desabamento

O desabamento do teto da Igreja de São Francisco aconteceu entre 14h30 e 15h, no dia 5 de fevereiro, deixando uma pessoa morta e outras cinco feridas. A igreja era aberta para visitação e interesse de muitos turistas. A entrada custa R$ 10. Segundo guias que estavam no local, no momento do acidente, houve um estrondo que assustou quem passava pela região.

Ao todo, seis pessoas foram feridas. Uma delas, a turista paulista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, morreu no local. Ela estava na igreja com três amigos e foi um deles que acabou reconhecendo o corpo da vítima. A Polícia Federal não descarta responsabilização criminal pela morte da jovem.

CORREIO DA BAHIA

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