Prefeito criticou governo do estado do Rio de Janeiro e falou sobre diversos assuntos em entrevista exclusiva ao Pleno.News
Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes Foto: Pleno.News
Relação entre política e religião, polarização política, segurança pública e relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esses foram alguns dos temas abordados pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), em uma entrevista exclusiva concedida ao Pleno.News.
Durante a conversa, Paes também falou sobre seus posicionamentos políticos, criticou duramente a condução do governo do estado do Rio de Janeiro na área da segurança e disse que pretende ficar até o fim de seu próximo mandato como prefeito, o que contraria diversos prognósticos de que ele será candidato a governador em 2026.
Confira alguns dos principais pontos da entrevista:
SEGURANÇA PÚBLICA E ADPF DAS FAVELAS
Ao falar sobre o tema da segurança pública, Paes responsabilizou o governo do estado pela situação atual vivida pela população do Rio de Janeiro. O prefeito chegou a defender a participação do poder público municipal com algumas medidas, mas afirmou que a responsabilidade maior pela questão é do governo do estado.
– Todo mundo sabe que quem cuida da segurança pública são as forças policiais, que pertencem ao governo do estado. Quem tem a Polícia Militar, quem tem a Polícia Civil, quem tem o sistema penal é o governo do estado (…), o combate à criminalidade, propriamente dito, é do governo do estado. Então, o que eu posso dizer é que é uma vergonha – apontou.
Já ao ser questionado sobre a ADPF 635, ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e que possui uma decisão que limita a atuação das polícias do Rio de Janeiro nas favelas, Paes reconheceu que a medida, de fato, atrapalha a atuação do Estado, mas culpou o próprio governo fluminense pela existência dela.
– Na minha opinião, atrapalha [a atuação do Estado]. Mas ela não é a razão dessa tragédia. Ela atrapalha e ela é, na verdade, resultado ou consequência da falta de autoridade do governador. Ao não implementar uma política de segurança séria, ao distribuir as delegacias e comandos de batalhão entre os políticos, você gera uma reação das autoridades em Brasília – alegou.
POLARIZAÇÃO POLÍTICA
Na entrevista, Paes também discorreu a respeito da polarização política no Brasil. Para o prefeito do Rio, o contexto de forte rivalidade atrapalha as discussões sobre problemas relevantes no país, pois, para ele, não há mais “nenhum grande consenso”.
– O Brasil tem problemas tão graves, que a gente precisa buscar construir consenso. A gente conseguiu isso em algum momento na história, o Plano Real foi um exemplo disso, né? (…). Desde então, a gente não tem mais nenhum grande consenso, né? Eles [os assuntos] são sempre muito polarizados, isso é muito ruim, é muito ruim. Então, sabe, esse jogo de ódio – ressaltou.
POLÍTICA E RELIGIÃO
O prefeito reeleito do Rio de Janeiro também falou sobre a relação entre a política e a religião e, ao ser questionado se a Igreja deveria se abster da política partidária, respondeu que sim, mas reconheceu que os valores políticos são debatidos no âmbito das igrejas.
– Eu acho [que a Igreja deveria se abster da política partidária]. Agora é óbvio, o pastor é sempre um orientador, ele vai sempre debater os valores, quando vê uma coisa na sociedade é papel, obrigação dele debater (…). Mas eu acho que é muito ruim [misturar política e religião], porque os homens, especialmente na política, erram – disse.
Em outro momento, o chefe do Executivo carioca também defendeu que grupos políticos não devem se apropriar das igrejas.
– Igreja não é de um grupo político, por exemplo, né? A igreja não é do Bolsonaro, a igreja é do Senhor Jesus, de Deus, né? Essa que é a verdade. Então, é disso que a gente está falando no processo eleitoral – resumiu.
RELAÇÃO COM LULA
Ao falar de sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Paes disse que sua parceria com o petista é institucional e defendeu ter uma boa relação com o chefe do Executivo federal.
– [Temos] uma relação institucional, eu tenho uma relação muito boa com o presidente da República. O presidente Lula ajuda muito o Rio. Ele ajudou muito nos outros mandatos e está ajudando agora – disse.
Já ao ser perguntado se teme que a vinculação de sua imagem a Lula o prejudique de alguma forma, Paes respondeu que o risco sempre existe, mas afirmou que a população sabe distinguir a diferença entre as alianças e as figuras políticas de forma individualizada.
– Eu acho que o eleitor está mais atento. As pessoas distinguem. Por exemplo, eu ganhei aqui do Ramagem no primeiro turno. Se você me perguntar hoje ainda quem é mais popular na cidade do Rio de Janeiro, eu acho que o Bolsonaro ainda deve estar na frente do Lula (…). Então, as pessoas sabem distinguir. Porque ninguém é patrão de ninguém – destacou.
CANDIDATURA AO GOVERNO DO RIO DE JANEIRO
Ao ser perguntado se será candidato a governador do Rio de Janeiro em 2026, Paes disse que seu desejo é ficar como prefeito até o fim de seu mandato, em 2028, mas que fica “envaidecido” de ter o nome lembrado para o cargo.
– Meu compromisso é de ficar até o fim deste meu mandato. Esse foi o compromisso que eu assumi com a população carioca. Esse compromisso que eu pretendo cumprir. Já jurei pelo Vasco, pela Portela. Então assim, o meu desejo é ficar na Prefeitura do Rio – completou.
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