Manobra do Banco Central não foi suficiente para impedir novo valor histórico da moeda americana
Manobra do Banco Central não foi suficiente para impedir novo valor histórico da moeda americana
Em meio à escalada do dólar, que permanece acima dos R$ 6 praticamente desde que o governo anunciou o pacote fiscal, no final de novembro, o Banco Central fez nesta segunda-feira (16) uma nova intervenção no mercado. Apesar da medida, a moeda americana fechou o dia a R$ 6,0934, em alta de 1,03%, e renovou o recorde em mais de 30 anos do real.
Logo após a abertura do mercado, quando a cotação da moeda americana chegou a R$ 6,0986 (alta de 1,12%), o BC anunciou um leilão de moeda à vista, no valor total de US$ 1,6 bilhão – o lote foi todo vendido, a R$ 6,04.
Mais tarde, foi feito um novo leilão, de US$ 3 bilhões, com compromisso de recompra (o chamado leilão de linha). Esse lote também foi todo vendido.
Mesmo assim, não foi suficiente para o mercado. Às 12h50, o dólar à vista tinha alta de 0,69%, cotado a R$ 6,0729. A moeda americana acumula nos últimos 30 dias uma alta de cerca de 5% e, no ano, de mais de 25% (ver grafico). Os juros futuros, no contratos para 2026 a 2029, também operavam em alta, atingindo patamar superior a 15% ao ano.
As ofertas de liquidez de dólar feitas nesta segunda visaram a suprir a demanda maior de empresas para remessas de dividendos de fim de ano ao exterior, mas não desviam a moeda americana do seu viés de alta, que reflete principalmente uma enorme cautela do mercado financeiro com o cenário fiscal.
A apresentação de um pacote de contenção de gastos pelo governo teve efeito contrário ao esperado: ampliou as desconfianças do mercado em relação à capacidade do executivo de melhorar as contas públicas, o que teve efeito direto no câmbio.
Por conta dessa desconfiança, na última semana o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu endurecer a política monetária, elevando a taxa de juros em 1 ponto porcentual (de 11,25% para 12,25%), e sinalizando mais duas altas de mesma magnitude nas reuniões seguintes.
AGENDA APERTADA O mercado monitora também declarações feitas nesta manhã pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que garantiu que o governo irá cumprir a meta fiscal. Segundo ele, o presidente está “a par da situação das medidas fiscais no Senado e na Câmara”.
A Câmara dos Deputados tem sessão deliberativa extraordinária virtual no plenário marcada para as 17h de hoje e inicia a semana com a expectativa de votação da regulamentação da reforma tributária e das três propostas ligadas ao pacote fiscal. Diante dos esforços do Palácio do Planalto pela liberação de emendas, a avaliação é de que há possibilidade de que o conjunto de regras avance a partir desta segunda.
O tempo é curto, de uma semana, para votação do pacote de cortes de gastos de R$ 70 bilhões na Câmara e no Senado, até sexta-feira, antes do recesso parlamentar, que começa no dia 23 e vai até 1º de fevereiro de 2025. Também são esperadas as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA).