União Europeia não reconhece legitimidade da reeleição de Nicolás Maduroetição pelo impeachment de Moraes tem 1,3 milhão de adesões

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O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou nesta quinta-feira, 29, que o bloco não reconhece a “legitimidade democrática” da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela. Sem a divulgação das atas eleitorais mais de um mês após o resultado proclamado pela Justiça eleitoral venezuelana, que é vinculada ao chavismo, Borrell destacou que a vitória não pôde ser comprovada e, portanto, não será reconhecida.

Maduro “continuará presidente, sim, de fato. Mas não reconhecemos legitimidade democrática baseada em resultados [eleitorais] que não podem ser verificados”, declarou Borrell ao final de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE. Diante do impasse, o bloco europeu pediu repetidamente as atas eleitorais. No entanto, um mês depois, essas informações ainda não foram apresentadas.

Por que a eleição de Maduro é contestada?

Sendo um ponto crucial, a reeleição de Nicolás Maduro é contestada internacionalmente porque não há transparência no processo eleitoral. De acordo com Borrell, “a vitória eleitoral que ele proclama não foi provada. E como não foi provada, não temos por que acreditar nela”. Esse cenário cria um ambiente de desconfiança quanto à legitimidade democrática do governo atual na Venezuela.

O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, participou da reunião em Bruxelas via videoconferência, onde apresentou um quadro da situação complexa em seu país. Os ministros europeus concordaram em não reconhecer a proclamada vitória eleitoral de Maduro, mas também não houve unanimidade para atribuir o triunfo à oposição.

Qual foi a resposta do governo venezuelano?

Em resposta às declarações de Borrell, o chanceler venezuelano, Yván Gil, criticou duramente a postura da União Europeia. Ele tachou Borrell de “desavergonhado” e rejeitou veementemente a postura do bloco europeu. “Nós nos lixamos para seus comentários”, afirmou Gil em uma mensagem publicada em sua conta no Telegram.

Yván Gil destacou que, na ótica do governo venezuelano, a Constituição e a democracia prevaleceram nas eleições, e pediu ao chefe da diplomacia da UE para deixar o país em paz. Ele ainda sugeriu que Borrell dedicasse seus últimos dias no cargo a assumir todas as derrotas que colheu.

O que a União Europeia pretende fazer a seguir?

De acordo com uma fonte diplomática, os países da União Europeia decidiram “intensificar o diálogo com os atores regionais, especialmente com Brasil e Colômbia”. Isso mostra uma tentativa de buscar uma solução diplomática para a crise política na Venezuela através de uma colaboração mais próxima com os países vizinhos.

Em relação ao reconhecimento de governos, Borrell lembrou que, na vida diplomática, os governos não são reconhecidos, mas sim os Estados. “Temos embaixada na Venezuela. Temos embaixada na Nicarágua. Você acredita que reconhecemos a legitimidade democrática do senhor [Daniel] Ortega? Não. Mas temos embaixadas e interagimos”, afirmou Borrell, destacando a necessidade de manter canais diplomáticos abertos.

Os ministros também discutiram a possibilidade de ampliar a lista de sanções a autoridades venezuelanas, mas não chegaram a um acordo concreto. “Temos 55 figuras políticas da Venezuela já sancionadas. Entre elas a vice-presidente e aquele que hoje é o ministro do Interior.”, revelou o chefe da diplomacia.

Impacto da falta de transparência eleitoral

A ausência das atas eleitorais, ponto central da controvérsia, levanta sérias dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral na Venezuela e compromete a confiança internacional no governo de Nicolás Maduro. A falta de transparência não só afeta as relações internacionais, mas também o clima político interno, agravando ainda mais a instabilidade no país.

O papel da União Europeia

Como um bloco econômico e político de grande influência, a União Europeia tem buscado reafirmar seu compromisso com a democracia e os direitos humanos. A postura de não reconhecer a reeleição de Maduro demonstra a seriedade com que o bloco trata a necessidade de eleições livres e justas como pilares da legitimidade democrática.

Com a continuação das sanções e a intensificação do diálogo com países vizinhos da Venezuela, a União Europeia tenta exercer pressão diplomática enquanto mantém linhas de comunicação abertas. A estratégia busca criar um equilíbrio entre condenar práticas antidemocráticas e manter relações diplomáticas indispensáveis.

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