Nicolás Maduro aparece 13 vezes em cédula eleitoral na Venezuela

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Regime do ditador tem usado diversas artimanhas para desequilibrar eleições venezuelanas

Mulher segura reprodução de cédula eleitoral venezuelana Foto: EFE/ Miguel Gutierrez

 

Com a oposição como favorita para vencer as eleições presidenciais neste ano na Venezuela, o regime de Nicolás Maduro tem utilizado diversas artimanhas para tentar quebrar a paridade do pleito a seu favor. Desde o início do processo eleitoral, candidatas de oposição foram impedidas de concorrer, eleitores do exterior foram excluídos e locais de votação foram modificados arbitrariamente.

Outra medida controversa no pleito deste domingo diz respeito à cédula que será usada pelos eleitores. O cartão traz fotos de cada um dos presidenciáveis, mas elas não aparecem em número igual, muito pelo contrário. Maduro, por exemplo, tem sua imagem exibida 13 vezes na cédula, enquanto Edmundo Gonzáles Urrutia, seu principal rival, só aparece três vezes. No topo do cartão, por sinal, só há fotos do ditador.

AS ARTIMANHAS DE MADURO
Ao longo do ano, o regime impôs novas regras e modificou outras para dificultar a vida da oposição. O caso mais emblemático foi a inabilitação de Corina Machado, que havia ganhado as primárias com mais de 90% dos votos.

– Existe uma estrutura jurídica e política que será manipulada para impedir que as pessoas participem das eleições, seja mudando as seções eleitorais, impedindo as pessoas de votar, manipulando observadores eleitorais. Tudo isso é familiar ao chavismo. Mas, desta vez, é uma luta existencial para eles – afirma María Isabel Puerta Riera, cientista política do Valencia College, da Flórida.

Além disso, segundo levantamento das organizações Alerta Venezuela, Espacio Público e Voto Joven, cerca de 25% dos eleitores foram excluídos do processo. Isso porque houve mudança nas regras e milhões de venezuelanos que vivem no exterior não conseguiram se registrar.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgou que mais de 21 milhões de pessoas estão habilitadas para votar. O número, segundo as organizações, indica que 5 milhões ficaram de fora. Também há denúncias de mudanças arbitrárias de locais de votação, sem a devida comunicação, ou para locais muito distantes. Outro obstáculo, segundo a oposição, é a inscrição de mesários.

O último movimento foi dificultar o credenciamento de testemunhas eleitorais, figura semelhante ao fiscal de urna dos partidos no Brasil. Considerados essenciais para a oposição garantir a lisura do processo, o CNE passou a colocar travas aos nomes de 90 mil voluntários enviados pela oposição.

– A estratégia é usar o CNE para impedir a votação maciça do povo venezuelano, para tentar ganhar as eleições de forma fraudulenta Mesmo que os votos no final do processo sejam contados corretamente, a eleição acontece em um contexto de fraude – afirmou o opositor e ex-presidente do CNE Andrés Caleca.

*Com informações AE

 

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