Geddel diz que diálogo na base não está tão bom quanto gostaria

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Ele falou sobre sua relação com o ex-prefeito ACM Neto e com o atual, Bruno Reis (União Brasil)

Foto:  Arquivo/José Cruz/Agência Brasil

Por Mateus Soares

O ex-ministro e ex-deputado federal baiano, Geddel Vieira Lima, falou sobre o seu papel no cenário político atual, destacando que sua atuação na eleição de 2024 em Salvador será mais consultiva do que protagonista. “Eu não serei o player de Geraldinho. Posso ser demandado para dar ideias e trazer experiência”, declarou o cacique emedebista para a rádio Salvador FM.

Ele falou sobre sua relação com o ex-prefeito ACM Neto e com o atual, Bruno Reis (União Brasil). De acordo com o cacique, funcionários do Palácio Thomé de Souza têm utilizado a sua prisão em 2017, no caso do “bunker” onde foram apreendidos R$ 51 milhões, a fim de desgastar a imagem do vice-governador nas redes sociais.

“Todo mundo que é dono de uma matilha tem que segurar seus cães, sejam eles os próprios ou terceirizados. O Bruno, por exemplo, tem um marqueteiro, que por características é muito ousado e que gosta muito de terceirizar ataques. Só que eu tenho 40 anos nessa atividade. Eu sei de onde está vindo e, evidentemente, se vier abaixo da linha de cintura, aí vai virar uma carnificina. Passando por tudo o que já passei, se pode dizer tudo de mim, menos que eu tenho medo de enfrentamentos. Não tem mais o que dizer de mim. Levar mais porrada do que eu já tomei? E aguentei todas, calado, por mim e por outros. Eu poderia ter a minha vida tão mais facilitada se eu tivesse cedido a pressões para falar de tantas pessoas… aí será uma carnificina e, evidentemente, eu vou ter que usar o que tenho que usar e posso garantir que tem muita coisa para ser usada. Mas eu gosto muito de Bruno e espero que isso não aconteça, desde que ele segure a matilha dele”, alertou, ao citar “vídeos” e “paredes pichadas” contra Neto na eleição de 2022.

Sobre os conflitos internos das candidaturas da base no interior da Bahia, Geddel convocou o governador Jerônimo Rodrigues a exercer sua liderança para mediar e resolver as disputas, alertando para os possíveis impactos negativos que esses conflitos poderiam ter nas eleições de 2026. “Liderança tem que exercer o seu papel de liderança. Na política, você é líder ou liderado”, afirmou. Ele enfatizou que, embora as lideranças locais tenham legitimidade, é crucial que o governador intervenha para evitar um cenário beligerante que possa prejudicar o projeto político do grupo.

O baiano revelou que o diálogo dentro da base está “pior do que gostaria” e destacou a importância de uma liderança ativa para evitar desentendimentos que possam comprometer a reeleição de Jerônimo e a continuidade do projeto político com Jaques Wagner. “Eu digo sempre que hoje o nosso projeto, salvo se houver algum desentendimento, é participar ativamente da reeleição de Jerônimo e, sobretudo, do [Jaques] Wagner, com quem eu tenho uma relação, para além da política, afetiva, pelo menos da minha parte para ele”, provocou.

Ao final da entrevista, Geddel refletiu sobre seu rompimento com Jaques Wagner em 2010, admitindo que a decisão pode ter sido um erro em sua carreira política. Ele fez um “mea culpa” ao comentar que talvez, se tivesse sido mais tolerante, não teria rompido com Wagner e poderia ter tido uma carreira de senador sem grandes esforços. “Talvez tenha sido, e eu faço publicamente essa avaliação, um erro na minha carreira política, que foi bem-sucedida em muitos momentos”, concluiu.

TRIBUNA DA BAHIA

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