Alvo da desconfiança da oposição e hostilizado por governistas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não tem compromissos com Lula (PT), apesar do assédio de cargos e vantagens. Mas, na prática, recebe o tratamento conferido aos inimigos: é dos poucos parlamentares, todos de oposição, cujas emendas permanecem retidas pelo governo, apesar de serem de liberação obrigatória. A jogada é obrigar Lira a pedir liberação, para então Lula impor suas condições no “toma lá, dá cá”.
Incômoda autonomia
Lira demonstra não ter a intenção de pedir a liberação de suas emendas, e está cada vez mais à vontade mantendo a Câmara independente.
Governo minoritário
Um ano e meio após a posse, Lula não consegue montar uma base governista, controlando cerca de cem dos 513 votos na Câmara.
Eis a questão
Com emendas de R$53 bilhões à mão, os deputados não querem se meter em escândalos aceitando cargos ou negócios para apoiar governo.
Gatos escaldados
O jeito PT de governar foi marcado pelo dinheiro vivo, no mensalão do primeiro governo, e no petrolão do segundo. Políticos hoje fogem disso.
Plenário da Câmara dos Deputados. (Foto: Zeca Ribeiro/Ag. Câmara)
Urgência da lei contra aborto pode somar 340 votos
O incidente com a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que passou mal na Câmara, semana passada, adiou a votação do regime de urgência para o projeto que equipara aborto a homicídio, caso a extração do bebê ocorra após 22 meses de gestação. A expectativa de líderes próximos do presidente da Câmara, Arthur Lira, é que a urgência, que põe o projeto à frente dos demais, deve ser votada nesta semana e aprovada por cerca de 340 votos. A menos que a votação não seja nominal.
Votação vapt-vupt
O autor, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), acha que o mérito da proposta deve ser votado já no dia seguinte à aprovação da urgência.
Compromisso de Lira
Pautar a proposta contra o aborto é compromisso de Lira com bancadas conservadoras, entre os compromissos com vistas à própria sucessão.
Resposta ao STF
Para Sóstenes, o projeto endurecendo a punição do aborto é mais uma resposta do parlamento às frequentes invasões de competência do STF.
Em nome de Stalin
Está no grupo de trabalho para “regulamentar” redes sociais o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do “Projeto da Censura”, que acabou no lixo. O homem da tapioca não desiste, como militante do partido que cultua o tirano russo Josef Stalin, inimigo da liberdade de expressão.
Leilão suspeito
“Para surpresa de zero pessoas”, diz Fabio Wajngarten, ex-ministro de Jair Bolsonaro, sobre a revelação de que o maior vencedor do suspeitíssimo leilão do arroz é um empresário que já confessou propina.
Na gaveta
Eduardo Girão (Novo-CE) criticou o engavetamento da proposta que prevê o fim de decisões monocráticas de ministros do Supremo e o fim do foro privilegiado. Diz que o “STF agradece”.
Tolerância zero
Avança na Câmara projeto que criminaliza o porte e a posse de qualquer quantidade de drogas. O relatório de Ricardo Salles (PL-SP) já foi lido na Comissão de Constituição e Justiça, que deve votar o texto esta semana.
Tchau, Bivar
O União Brasil enterra de vez a gestão de Luciano Bivar esta semana. A nova executiva nacional do partido toma posse na terça-feira (11). Antônio Rueda foi eleito presidente nacional da sigla.
Óleo de peroba
Deputados reagiram após Lula se comparar a D. Pedro II e Getúlio Vargas pela experiência em viver problemas no Brasil. “Admiro a cara de pau, porque noção tem zero”, diz a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).
Caminho complicado
A rejeição à pré-candidata do PT à Prefeitura de Goiânia deputada Adriana Accorsi (18,7%) é maior que seu resultado (16,6%) no levantamento Marca Pesquisas (nº TSE/GO-07896/2024) de sexta (7).
Que fase…
Com apenas um quinto dos deputados da Câmara, o governo Lula (PT) vive uma situação insólita: utiliza-se de truques de minoria, inclusive ameaças de obstrução, para impedir votações onde deve ser derrotado.
Pensando bem…
…tem males que vêm para ser candidatos.
DIÁRIO DO PODER – COLUNA DO JORNALISTA CLÁUDIO HUMBERTO