Aplicação da Qdenga está disponível desde 9 de fevereiro. O esquema vacinal contra a dengue requer duas doses, com baixo efeito colateral – (crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O Brasil atingiu, na semana passada, mais de 1 milhão de casos de dengue, mas um dos fatores que podem estar contribuindo para o avanço da infecção é o baixo índice de vacinação contra a doença. Segundo levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, de 1.235.119 imunizantes entregues a municípios com alta incidência do vírus, somente 182.204 foram aplicadas nas crianças e nos adolescentes com o perfil necessário para receber a dose.
Segundo o ministério, 521 municípios foram selecionados para receber as vacinas, que estão sendo oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São 37 regiões consideradas endêmicas para dengue, de acordo com mapeamento feito pela pasta.
No Distrito Federal, por exemplo, apenas 32% das crianças de 10 e 11 anos haviam sido imunizadas, quase 20 dias depois de as vacinas passarem a ser oferecidas. Foram repassadas pelo ministério 71.708 doses, e aproximadamente 48 mil continuavam disponíveis para aplicação em todos os 67 pontos de imunização.
O DF é uma das unidades da Federação mais afetadas pela dengue e, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde, foram registrados 117.588 casos prováveis e 78 mortes pela doença — 73 óbitos estão sendo investigados. O coeficiente de incidência é de 3.647 casos para cada grupo de 100 mil pessoas.
Se não forem aplicadas, as vacinas contra a dengue entregues ao DF correm o risco de perder as validade — cujo prazo é até 30 de abril. Uma nota do GDF salienta que “tratativas estão sendo feitas para uma possível ampliação no público-alvo, a fim de garantir que todas as doses sejam efetivamente aplicadas”.
Outra unidade da Federação que apresenta baixa cobertura vacinal contra a dengue é a cidade do Rio de Janeiro. Até 1º de março, apenas 18% das crianças de 10 e 11 anos da capital fluminense haviam sido imunizadas contra o vírus transmitido pelo Aedes aegypti. Balanço da Secretaria Municipal de Saúde aponta que, na primeira semana em que as doses estavam disponíveis, apenas 25.317 foram aplicadas.
Ainda de acordo com o Painel de Arboviroses, em todo o estado do Rio de Janeiro foram registrados 91.445 casos prováveis de dengue e 13 mortes pela doença — 73 óbitos estão sob investigação. O coeficiente de incidência é de 575 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
Segundo o painel, foram registrados até ontem 1.212.263 casos de dengue em todo o país, com 278 mortes e 744 óbitos em investigação. A taxa de incidência é de 597 casos para cada grupo de 100 mil cidadãos.
A Região Sudeste é a que apresenta os piores índices. De acordo com os números coletados pelo Ministério da Saúde, são 761.798 registros e 91 mortes, sendo que 474 estão sendo analisadas. Em segundo, está o Centro-Oeste: 201.604 casos confirmados, 115 vidas perdidas para a doença e outras 144 sendo analisadas. Na sequência, vem o Sul, com 174.845 confirmações — 57 mortes e outras 73 são avaliadas.
O esquema vacinal completo com a Qdenga requer a aplicação de duas doses, que garantem cerca de 80% de eficácia. Os efeitos colaterais, inclusive em crianças, são considerados inexpressivos — como manchas pelo corpo ou alguma dor. Na rede privada de imunização, a aplicação custa, em média, R$ 500.
CORREO BRAZILIENSE