Para o amigo, advogado Vivaldo Amaral!
Num ambiente perigosamente dominado por intensas paixões políticas, a recente entrevista concedida pelo ex-Presidente Michel Temer à equipe de jornalistas da CNN, liderada por William Waack, apontou o caminho da sensatez necessário a devolver o País ao leito da paz social e prosperidade do seu povo. É oportuno lembrar que o País estagnou no primeiro ano de Governo-Lula, fato mascarado pela imprensa amiga.
Com a polidez e o saber que o caracterizam como um dos políticos mais educados e cultos de nossa História, Michel Temer, do alto de sua inegável experiência e autoridade, recusou-se a seguir o exemplo de tantos que vêm tentando apagar fogo com gasolina, insistindo na urgente e imperiosa necessidade de reduzirmos as tensões políticas dominantes, marcadas por paixões desaçaimadas, que bloqueiam o acesso ao diálogo construtivo, entravando a adequada exploração de nossas ingentes possibilidades, postura tão necessária para reduzir as desigualdades que respondem pelo clima desestabilizador de nosso desenvolvimento econômico e ambiente social.
A entrevista de Temer não poderia ter acontecido em momento mais oportuno: na sequência da última investida raivosa do STF, por um dos seus membros que, às vésperas do Carnaval, mandou devassar a intimidade política de 25 ex-auxiliares do governo anterior, no estilo ostensivamente caracterizado como o de acerto de contas, prometido pelo atual Presidente da República, quando declarou que o propósito central do seu governo seria “a vingança, contra aqueles que me mandaram para a cadeia.”
A oportuna e sábia entrevista de Miche Temer coroou um conjunto de reações a essa última investida da Suprema Corte, contra as garantias constitucionais, dentre as quais as mais impactantes foram o discurso da tribuna do Senado, pelo General Senador Hamilton Mourão, ex-presidente de Jair Bolsonaro, e o artigo do consagrado jurista Yves Gandra da Silva Martins. Enquanto Mourão convocou os líderes dos diferentes setores a se unirem pelo bem da Pátria comum e defendeu a imperiosa necessidade de cada cidadão de bem do País reagir, nos limites de suas possibilidades, aos excessos que vêm sendo praticados por ministros do STF, Yves Gandra colocou o peso de sua credibilidade para condenar a perigosa inversão de papeis da Suprema Corte que, em lugar de preservar a estabilidade legal do País, vem ameaçando destruí-la, como já começa a aparecer na grande mídia internacional.
Temer deixou claro, para quem sabe entender as mensagens contidas nas entrelinhas, que uma eventual prisão do ex-presidente Bolsonaro em nada diminui o seu prestígio eleitoral, podendo mesmo consolidá-lo e ampliá-lo, na medida em que a população a interprete como mera retaliação, sem amparo em nosso impessoal sistema legal. “Diálogo, insistiu Temer, visando reduzir as paixões, é o de que mais a Nação precisa neste momento de raivosa polarização”. O ex-Presidente não disse, de modo explícito, mas sua convocação à concórdia esteve sempre prenhe da subliminar admoestação de que o elemento mais carente e necessário na vida política brasileira é grandeza e espírito público, elementos que abundam nas personalidades verdadeiramente grandes, ou estadistas.
Pensamos que a verdadeira ameaça de golpe não pode existir num protesto de um milhar de mulheres, crianças e cidadãos ficha limpa, que não portavam um canivete, sequer, para desafiar a segunda mais poderosa força armada do Continente Americano. Ameaça de golpe, isto sim, está contida na declarada ação da curul judiciária de um país, cujos membros afirmam, abertamente, que foi por sua ação coordenada que um candidato chegou à presidência, em razão do propósito de derrotar o seu oponente.
Joaci Góes