Primárias: New Hampshire, a última chance de parar Donald Trump

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Ex-embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley precisa vencer a disputa desta terça-feira (23/1) para impedir que o magnata Donald Trump fique cada vez mais próximo da nomeação republicana na corrida pela Casa Branca

Trump cerra os punhos após deixar a Tump Tower a caminho da Corte Federal de Manhattan, onde enfrenta julgamento por difamação - (crédito: Charly Triballeau/AFP)

Trump cerra os punhos após deixar a Tump Tower a caminho da Corte Federal de Manhattan, onde enfrenta julgamento por difamação – (crédito: Charly Triballeau/AFP)

Depois de Ron DeSantis, governador da Flórida, abandonar de forma inesperada a disputa pela nomeação do Partido Republicano para a corrida à Casa Branca, as primárias desta terça-feira (23/1) em New Hampshire ganham em suspense. Pode ser a última oportunidade para a ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU Nikki Haley barrar a indicação do ex-presidente Donald Trump, favorito nas pesquisas e vencedor do caucus de Iowa, em 15 de janeiro passado. Nenhum candidato republicano ficou sem sacramentar a candidatura depois de vencer as primárias em Iowa e em New Hampshire. Uma nova sondagem divulgada pelo jornal The Washington Post apontou que o magnata tem 52% de apoio do eleitorado de New Hampshire, enquanto Haley conta com 34%.

Nas últimas horas, Trump intensificou os ataques à adversária, ao chamá-la de “não inteligente o suficiente” e ao rotulá-la de “globalista”. “Há duas pessoas nessa corrida. Isso é o que queríamos o tempo todo”, declarou Haley à rede de tevê CNN, na noite de domingo (21/1), poucas horas depois de DeSantis divulgar um vídeo em que oficializou a sua retirada da disputa. Trump compareceria a um julgamento por difamação contra a escritora E. Jean Carroll, que pede US$ 10 milhões, mas um possível caso de covid-19 de um jurado adiou o procedimento.

Dante Scala, professor de ciência política da Universidade de New Hampshire, afirmou ao Correio que DeSantis será lembrado como um “excelente exemplo de candidato que parecia bom ‘no papel’, mas que fracassou em pessoa”. “A desistência de DeSantis mostra como é difícil competir em nível presidencial, mesmo quando você é o governador de um grande estado. O processo é muito implacável com os erros dos candidatos e da campanha”, explicou. Em relação às expectativas quanto às primárias republicanas de hoje, Scala acredita que New Hampshire revelará o que os republicanos que têm diploma universitário e vivem nos subúrbios pensam sobre Haley. “Este é um grupo demográfico importante em outros estados que disputarão as primárias.”

No entanto, Christopher Galdieri — professor do Departamento de Ciência Política do Saint Anselm College (em New Hampshire) — considera que as chances de Haley “não são boas”. “Ela está atrás na maioria das pesquisas, e o endosso de DeSantis a Trump significa que seu apoio, provavelmente, seguirá na mesma direção”, disse à reportagem. Ele assegurou que não ficou surpreso com a desistência do governador da Flórida. “DeSantis entrou na disputa com grande alarde, depois de se estabelecer como um guerreiro da cultura e um adversário das políticas de mitigação da covid-19. Mas não foi capaz de transformar esse histórico em uma clara razão para votar nele. Além disso, DeSantis sempre se apresentou como um ‘Trumpismo sem Trump’, o que fez com que se pareça com uma versão imitada de Trump.”

Para Galdieri, se Haley conseguir uma vitória nas primárias de hoje, isso poderia redefinir o que todos pensam ser possível na disputa pela nomeação republicana. “Mas o triunfo também teria de se traduzir no aumento da arrecadação de fundos e em um calendário de campanha mais ativo e agressivo. Vencer em New Hampshire é uma das centenas de coisas que Haley precisa fazer acontecer, caso queira se tornar a indicada”, comentou.

Também cientista política da Universidade de New Hampshire, Emily Baer advertiu que, se os eleitores não repreenderem Trump em New Hampshire, “será difícil ver como outros estados com votantes mais conservadores, desafiarão a sua marcha aparentemente inevitável rumo à nomeação”. Ao Correio, ela observou que Haley precisa superar as expectativas nas primárias e reduzir a vantagem de Trump nas pesquisas, a fim de obter votos cruciais em Nevada (em 6 de fevereiro) e na Carolina do Sul (24 de fevereiro). “É algo possível, ainda que os eleitores de New Hampshire  — especialmente o seu grande bloco de eleitores independentes — são muito diferentes dos eleitores das primárias que ela disputará mais pela frente. Ter um bom desempenho em New Hampshire é necessário para Haley, mas insuficiente para ajudá-la nos outros estados.”

CORREIO BRAZILIENSE

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