Sepultamento do ex-jogador e ex-treinador será também neste domingo, no Rio de Janeiro
Zagallo Foto: EFE/MARCELO SAYÃO
O velório do ex-jogador e ex-treinador Zagallo, que morreu nesta sexta-feira (5), será realizado a partir das 9h30 deste domingo (7) na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que fica na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A cerimônia será aberta ao público. O sepultamento está marcado para ocorrer às 16h no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul da capital fluminense.
Zagallo, que estava internado desde o dia 26 de dezembro no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, morreu de falência múltipla dos órgãos no fim da noite desta sexta, segundo informou a própria instituição hospitalar em nota. A família do Velho Lobo, como o ex-jogador e ex-treinador era conhecido, também fez um comunicado nas redes sociais confirmando o falecimento.
– Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas – escreveram os familiares.
Em agosto de 2023, Zagallo ficou 22 dias internado para tratar uma infecção urinária. Já em 2022, ele foi hospitalizado com um quadro de infecção respiratória.
SOBRE ZAGALLO
Alagoano, nascido em 9 de agosto de 1931, Zagallo e sua família migraram para o Rio de Janeiro quando ele tinha apenas oito meses – seu pai, representante de uma fábrica de tecidos de propriedade do seu tio, precisava trabalhar.
Criado no bairro da Tijuca, começou no futebol como quase toda criança – jogando com os amigos na rua. Sua primeira bola foi um presente de uma vizinha, que o viu chutando pedrinhas numa calçada.
Aos poucos, o esporte foi crescendo em sua vida. Seu pai, Haroldo, que em Maceió foi jogador do CRB, comprou um título do América Futebol Clube. Lá, ele disputava torneios de natação, tênis de mesa e futebol.
Aos sábados, então com 14 anos, Zagallo percorria campos da cidade disputando – e conquistando – festivais. Destacava-se dos demais pelo bom preparo físico e pela excelente visão de jogo, em campos de terra batida e numa época de bolas pesadas e avermelhadas. Tempos depois, foi incluído na equipe juvenil do América, onde ficou por dois anos, em 1948 e 1949, e, de longe, observava a construção do Maracanã, maior templo do futebol nacional.
Aos 18 anos, como todo garoto, Zagallo precisou se alistar ao Exército do Brasil. Meses antes da Copa do Mundo de 1950, foi junto com seu pelotão retirar as madeiras que serviram para a construção das arquibancadas do estádio.
Conseguiu folgas para ver de pertinho todos os jogos da Seleção Brasileira, mas na finalíssima contra o Uruguai não conseguiu fugir do serviço.
– Eu estava lá, de verde-oliva, cassetete, capacete, ‘bate-bute’.
Fora do serviço militar, Zagallo voltou aos gramados e logo transferiu-se para o Flamengo. No rubro-negro, aumentou sua lista de conquistas iniciada nas categorias de base do América – em toda carreira como jogador foram nada menos do que 50 títulos
Entre os mais importantes pelo clube da Gávea estão o tricampeonato carioca em 1953, 1954 e 1955. Suas grandes apresentações lhe valeram uma oportunidade na seleção brasileira treinada por Vicente Feola, que se preparava para o Mundial de 1958. Eram três craques para duas posições – Pepe, Canhoteiro e Zagallo.
– Na minha estreia pela seleção, no Maracanã, contra o Paraguai (em 4 de maio de 1958), ganhamos de 5 a 1, e eu fiz dois gols.
No Botafogo conquistou dois Torneios Rio-São Paulo e ainda foi bicampeão carioca em 1961 e 1962. Em alto nível, foi chamado por Aimoré Moreira para a Copa do Mundo do Chile. Lá, com a contusão de Pelé, ajudou a liderar o time que trouxe para o País o bicampeonato mundial de futebol.
– Aquela seleção era uma equipe mais velha, com vários jogadores acima de 30 anos. Só fomos campeões porque a evolução física ainda não tinha chegado ao mundo do futebol, então levamos aquela Copa na base da experiência mesmo.
Após o segundo título, Zagallo ainda jogou por mais alguns anos no Botafogo, mas logo encerrou sua carreira de jogador e deu início à mais uma trajetória de sucesso – agora como treinador. Sua primeira equipe foi o próprio Botafogo, onde logo conquistou o bicampeonato carioca (1967-1968) e o título brasileiro de 1968
Em 1970, ao assumir o lugar de João Saldanha às vésperas da Copa do Mundo, foi o comandante da maior seleção brasileira de todos os tempos. Com craques, como Pelé, Tostão, Gerson e Rivellino, o Brasil venceu os sete jogos do Mundial. Ele foi ainda o técnico da Copa seguinte, na Alemanha, em 1974.
Na carreira, Zagallo passou pelo Botafogo em quatro oportunidades, Flamengo por três vezes, Vasco, duas vezes, além de Fluminense, Al-Hilal, Bangu e Portuguesa. Dirigiu ainda as seleções do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes.