Ministro disse que as demissões significariam uma desmoralização dele como chefe
Flávio Dino Foto: Tom Costa/MJSP
O ministro da Justiça, Flávio Dino, declarou, nesta quinta-feira (16), que não demitirá os secretários que participaram de audiências com Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico” e esposa de um chefe de facção no Amazonas. Ao justificar a decisão, o chefe da pasta federal disse que as demissões significariam uma desmoralização dele como chefe.
– Os secretários praticaram algum crime? Beneficiaram supostamente o Comando Vermelho em quê? É preciso ter um pouco de responsabilidade e de seriedade. Eu tenho o comando da minha equipe, confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto. Se eu fizesse isso, quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu – afirmou Dino, em um evento no Ceará.
Em outro momento, Dino afirmou que a postura da oposição diante do episódio envolvendo a “dama do tráfico” seria um “desespero político”.
– Obviamente é um desespero político de quem está insatisfeito com o combate ao crime organizado que nós estamos fazendo – apontou.
Uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo revelou que Luciane esteve no Ministério da Justiça, em março, com o secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz. Ela é mulher de Clemilson Farias, o Tio Patinhas, chefe do Comando Vermelho no Amazonas, que está preso, cumprindo pena de 31 anos. Ela também foi sentenciada a dez anos, mas responde em liberdade.
Em maio, Luciane se reuniu com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária. O nome dela, porém, foi omitido das agendas oficiais das autoridades.
Além de envolver a pasta de Dino, o caso também atingiu o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Isso ocorreu porque Luciane teve uma viagem para Brasília, com o objetivo de participar de um evento, custeada pela pasta de Almeida. Após o caso repercutir, o ministro classificou a situação como uma “tentativa generalizada” de “fabricar escândalos”.