Pesquisas apontam para os perigos do excesso de uso em aparelhos móveis
(Imagem ilustrativa) Foto: Pixabay
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) conduziu nesta sexta-feira (20) uma audiência pública no Senado Federal sobre o aumento do vício em celular no Brasil.
A reunião faz parte dos trabalhos da Comissão dos Assuntos Sociais (CAS) e discutiu dados sobre o país ser o segundo onde as pessoas mais usam seus aparelhos móveis de forma compulsiva, perdendo apenas para a África do Sul.
Girão citou dados da ComScore, empresa de análise de dados da internet, sobre o Brasil ter 170 milhões de brasileiros que acessam regularmente as redes sociais. Isso representa quase 80% da população.
– Estudos já relacionam o uso excessivo a problemas de saúde. A imposição de modelos de estética pessoal e estilos de vida, por exemplo, é relacionada a problemas psicológicos, como a tendência a desenvolver depressão. Entre 2020 e 2022, houve um aumento de 31% do tempo médio que os brasileiros passam nas redes. A média já chega a 46 horas mensais – comenta o senador.
Outro dado apresentado pelo parlamentar é um estudo da Unesco que fala sobre a preocupação com a massificação do uso de celulares nas escolas.
O psiquiatra Cristiano Abreu, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), participou da audiência e falou sobre as questões que envolvem esse estudo da agência da ONU.
– A Unesco conclui taxativamente que a tecnologia na escola, até hoje, não prestou nenhum benefício, muito pelo contrário. Mas o que vemos aqui no Brasil? Os gestores incluindo essas tecnologias na escola, de forma cada vez mais precoce – disse o especialista.
Outros participantes discutiram sobre o assunto, apontando formas de usar os dispositivos móveis sem deixar de lado o bem-estar da população, encontrando formas para evitar os malefícios causados pelo uso excessivo das novas tecnologias.
– O brasileiro está passando 142 dias por ano com a cara na tela. Uma pesquisa suíça comprovou que o uso excessivo do celular em adolescentes tem levado à perda de foco entre eles. Uma outra pesquisa do Instituto Global de Barcelona, que acompanhou 84 mil grávidas e depois o desenvolvimento das crianças nos sete anos seguintes, detectou que o relato das mães que usaram mais o celular resultou num número maior de crianças com TDAH (transtorno do déficit de atenção). A conclusão é que a radiação dos celulares pode ter alterado a expressão gênica dos fetos. A pesquisa suíça também ligou os problemas cognitivos nos adolescentes à radiação – citou o psiquiatra Cristiano Abreu.
Já Daniel Spritzer, do Hospital Psiquiátrico São Pedro, apresentou estudos correlacionando o uso excessivo do celular ao desenvolvimento de ansiedade patológica. E Allan Carvalho, do Instituto de Mães, entende que o poder público precisa estar mais atento ao “papel nefasto” que influencers contratados por sites de apostas têm cumprido, ao induzirem jovens a ficarem viciados nessas apostas. Ele criticou ainda a massificação do uso de smartphones por crianças.
Agência Senado.