Alguns estão relatando sofrer de gastroparesia após uso do medicamento
Ozempic Foto: Reprodução / YouTube / BBC News Brasil
Pacientes que utilizaram os medicamentos Ozempic e Wegovy relataram arrependimento após sofrerem com um distúrbio estomacal chamado gastroparesia, que eles atribuem ao fármaco. Em entrevista à CNN, essas pessoas contam padecerem com vômitos inúmeras vezes ao dia, chegando à desidratação, mesmo meses depois de abandonarem os remédios.
Esses fármacos se popularizaram entre pessoas que buscam um drástico emagrecimento ou o tratamento para a diabetes tipo 2. Entre os famosos que utilizam, está a primeira-dama Janja da Silva e o bilionário Elon Musk.
Uma das pacientes que teve uma experiência negativa é Joanie Knight, moradora de Louisiana (EUA) de 37 anos, que hoje diz que gostaria de “nunca ter tocado” no Ozempic.
– Eu gostaria de nunca ter ouvido falar disso na minha vida. Esse remédio infernizou minha vida. Me custou dinheiro. Me causou muito estresse; me custou dias e noites e viagens com minha família. Me custou muito e não vale a pena. O preço é muito alto – relatou.
A texana Brenda Allen, de 42 anos, e a canadense Emily Wright, de 38 anos, também se arrependem de terem tido contato com tais drogas. Um ano depois de deixarem de tomá-las, elas seguem sofrendo com vômitos constantes. Wright, que chegou a perder 38 quilos em um ano, agora está licenciada do trabalho devido aos supostos efeitos colaterais.
Entre as celebridades, a avaliação também pode ser negativa. A modelo e tiktoker Remi Bader, por exemplo, disse ter começado a usar Ozempic após ser diagnosticada com pré-diabetes e que, desde então, sua “compulsão piorou muito”.
– Eu meio que culpo Ozempic. Ganhei o dobro do peso depois – afirmou ao podcast Not Skinny but Not Fat, em janeiro deste ano.
As experiências de Elon Musk e Janja, por outro lado, são diferentes. O dono do Twitter exaltou o remédio em conversa com uma fã, relatando que o Ozempic o deixou “em forma, definido e saudável”, emagrecendo-o 13,6 quilos. Janja, por sua vez, teria emagrecido entre oito e dez quilos com ajuda do mesmo remédio, segundo o jornal O Globo.
Janja durante Solenidade de Posse Presidencial no Congresso Nacional Foto: Ricardo Stuckert/PR
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS?
Tanto o Ozempic quanto o Wegovy funcionam à base de semaglutida, simulando a produção de um hormônio chamado GLP-1. Esse hormônio tem como função fazer com que a digestão de alimentos se torne mais lenta, o que prolonga a sensação de saciedade. Entretanto, caso essa desaceleração seja muito radical, o paciente pode sofrer de gastroparesia grave ou paralisia estomacal.
Em pessoas saudáveis, dez por cento dos alimentos continuam no estômago quatro horas depois de serem ingeridos. Um paciente com gastroparesia moderada, por outro lado, terá de 15% a 35% dos alimentos no estômago após esse período. Em casos graves da doença, mais de 35% permanece no estômago horas após a refeição.
Segundo a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, órgão semelhante a Anvisa), os casos de gastroparesia estão crescendo em meio ao aumento do uso do Ozempic e do Wegovy.
Para alguns médicos, o uso da droga pode contribuir para o aparecimento da doença caso o paciente já tenha um “estômago lento” ou esvaziamento gástrico retardado sem saber. A gastroparesia também pode ser causada pela própria diabetes, e mais da metade dos casos possuem motivo desconhecido.
À CNN, a fabricante da Ozempic e do Wegovy, a Novo Nordisk, comentou o tema.
– Eventos gastrointestinais (GI) são efeitos colaterais bem conhecidos da classe GLP-1. Para a semaglutida, a maioria dos efeitos colaterais gastrointestinais são de gravidade leve a moderada e de curta duração. Os GLP-1 são conhecidos por causar um atraso no esvaziamento gástrico, conforme observado na bula de cada um de nossos medicamentos GLP-1 RA. Sintomas de esvaziamento gástrico retardado, náuseas e vômitos são listados como efeitos colaterais – assinalou.
PLENO.NEWS