Presidente do Senado avaliou que manifestação política do ministro pode impedi-lo de julgar Bolsonaro
Ministro Luís Roberto Barroso e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal
O presidente da Casa Legislativa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou como “inadequada, inoportuna e infeliz” a fala do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a “derrota do bolsonarismo”. Para o senador, é necessária uma “retratação” por parte do magistrado.
– A presença do ministro em um evento de natureza política, com uma fala de natureza política, é algo infeliz, inadequado, inoportuno. O que espero é que haja por parte do ministro Luís Roberto Barroso uma reflexão sobre isso e, eventualmente, uma retratação no alto da sua cadeira de ministro do STF e prestes a assumir a presidência da Suprema Corte – expressou-se em pronunciamento no Senado.
Na avaliação de Pacheco, um ministro da Suprema Corte deve se “ater” ao seu papel e deixar as manifestações políticas para os “sujeitos políticos”.
– Foi muito inadequado e inoportuna e infeliz a fala do ministro Barroso no evento da UNE em relação a um segmento político, uma ala política a qual eu não pertenço, mas que é uma ala política, a arena política se resolve com as manifestações políticas e com a ação política dos sujeitos políticos. O ministro do STF evidentemente deve se ater ao seu cumprimento constitucional de julgar aquilo que é demandado – analisou.
Pacheco ainda reconheceu que a fala pode ser interpretada como um impedimento às condições de Barroso para julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
– Olha, se não houver um esclarecimento em relação a isso, mesmo uma retratação quanto a isso, até para se explicar a natureza do que foi dito, evidentemente que isso pode ser interpretado como uma causa de impedimento ou de suspeição. Mas obviamente que isso cabe ao ministro e cabe ao judiciário julgar. Aí, eu que digo que eu não posso interferir nesse tipo de discussão – disse o senador.
Questionado sobre o pedido de impeachment que a oposição quer protocolar contra o ministro, Pacheco afirmou que “apreciará” a solicitação “com toda a independência e decência que se exige numa apresentação desta natureza”.
ENTENDA
A declaração polêmica de Barroso ocorreu nesta quarta-feira (12), durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Na ocasião, o ministro recebeu vaias de um grupo ligado a profissionais da área de enfermagem e respondeu da seguinte forma:
– Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas – declarou, gerando reação da oposição, que anunciou que pedirá o impeachment do magistrado.
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