PF suspeita que repasses a Renan não eram apenas ‘doações eleitorais ilícitas’

Propinas pagas a Renan

PF SUSPEITA DE RENAN

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com Renan Calheiros, nos tempos sob investigação.

A Polícia Federal apura se o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, recebeu parte de uma propina de R$4 milhões paga pelo Consórcio Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba (SP), em um contrato com a Transpetro, subsidiária da Petrobras. A informação foi divulgada no site da revista Veja, nesta segunda-feira (2).

A suspeita inicial era que Renan teria recebido doações eleitorais ilícitas por empresas do consórcio, mas as investigações levaram a PF à pista de que o dinheiro teria sido pago a título de propina.

A delegada federal Lorena Lima Nascimento enviou relatório ao ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando prazo maior para apuração do caso.

A policial explica no documento, segundo a revista, que a mudança no rumo do inquérito está baseada sobretudo em relatos de Sérgio Machado, ex-senador e ex-presidente da Transpetro, indicado e mantido no cargo por mais de 11 anos pelo “padrinho” Renan e o “MDB do Senado”, liderado pelo político alagoano.

Presidente da subsidiária da Petrobras de 2003 a 2015, Machado fechou acordo de delação premiada, em 2016, com a Procuradoria-Geral da República.

Segundo Machado, após a assinatura do contrato com o Consórcio Estaleiro Rio Tietê para construção de barcaças, em 23 de novembro de 2010, ele pediu ao empresário Wilson Quintella, sócio-administrador do consórcio, em torno de 1% de propina sobre acerto.

O valor equivalia a cerca de R$4 milhões e foi pago em espécie, de acordo com o delator Sérgio Machado, que “justificou” o pedido alegando a necessidade de “apoio financeiro” das empresas para que ele mantivesse o “apoio institucional” dos políticos na presidência da estatal, entre eles Renan Calheiros.

Modus operandi do esquema

Em depoimento, Wilson Quintella relatou pedidos de Sérgio Machado de pagamentos de “contribuição”, “doação” ou “apoio político” e a operacionalização dos repasses ficou a cargo de um homem chamado Antonio Kanji. O empresário disse não ter conhecimento sobre como os pagamentos eram feitos.

Machado confessou como se dava o modus operandi dos acertos de propina na Transpetro.

Segundo seu relato, representantes das empresas que pagariam as vantagens indevidas iam à sede da Transpetro mensal ou bimestralmente e nessas conversas eram feitos os pedidos de valores. Com a quantia definida, era criado um codinome para cada transação entre determinada empresa e determinado político, além de definidos data, horário e local das entregas do dinheiro.

Encontros pessoais

Segundo seu relato, representantes das empresas que pagariam as vantagens indevidas iam à sede da Transpetro mensal ou bimestralmente e nessas conversas eram feitos os pedidos de valores. Com a quantia definida, era criado um codinome para cada transação entre determinada empresa e determinado político, além de definidos data, horário e local das entregas do dinheiro.

Encontros pessoais

Machado informou que à época da assinatura do contrato com o estaleiro no interior de São Paulo, tinha o costume de encontrar pessoalmente com Renan Calheiros pelo menos duas vezes por mês em Brasília.

Nestas reuniões, diz o delator, ele passava um papel a Renan com as mesmas informações entregues aos empresários que pagariam propina.

Em duas ou três ocasiões não foi possível se encontrar com o senador e as informações foram passadas na sede da Transpetro a um assessor do gabinete do senador do MDB-AL. A Polícia Federal, segundo a delegada, recuperou registros de entrada do assessor de Calheiros na sede da estatal em 2014.

Diário do Poder

 

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