Comandante da Marinha diz que Forças não são poder moderador

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Marcos Sampaio Olsen falou sobre a infiltração política nas Forças Armadas

Almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha Foto: Flickr/Marinha do Brasil

O almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta sexta-feira (5), falou sobre a aura política que, supostamente, paira sobre a atmosfera militar. Na oportunidade, ele rechaçou a possibilidade de qualquer envolvimento político por militares da ativa e afirmou que não cabe às Forças Armadas a condição de poder moderador, já que esta é atribuição tão somente do Supremo Tribunal Federal.

– (…) Verificamos que havia militares filiados a partidos políticos. Isso é uma contravenção disciplinar que deve ser apurada em processo administrativo, caso a caso, garantindo amplo direito de defesa. Observamos que vários militares estavam filiados à revelia do próprio, por má fé de diversos partidos. Eu mesmo procurei olhar se não estava filiado. Estabelecemos um prazo dentro de 90 dias para que possam requerer suas desfiliações, demonstrando atitude de boa-fé. (…) Aqueles que continuarem filiados serão passíveis de processo administrativo – afirmou.

Olsen falou sobre a polarização que acomete o Brasil e enfatizou que atuação política não coaduna com o exercício da função militar.

– Olhar o artigo 142 da Constituição e enxergar que as Forças Armadas poderiam ser um poder moderador é equivocado. As Forças Armadas não estão ali para discernir o que possa vir a ser um contencioso entre dois Poderes. O papel de interpretar a Constituição Brasileira não é das Forças. É do Supremo Tribunal Federal (STF) – observou.

O almirante falou, também, sobre o sentimento de prestígio proporcionado pelo presidente Lula (PT).

– Eu nunca vi essa desconfiança do presidente ir além das palavras na relação com a Força. Acho absolutamente justificável, em função de tudo que ocorreu. (…) Desde a primeira conversa que eu tive com ele, sempre se mostrou preocupado em assegurar os investimentos para a Força. Nunca deixei de ser recebido pelo presidente da República. Em uma das nossas reuniões, houve uma interrupção, e o presidente disse: “Quando eu tiver reunido com o ministro da Defesa e os comandantes das Forças, não me interrompa”. Recentemente, passei por uma cirurgia, e o presidente me ligou de Portugal para saber como eu estava – relatou.

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