Ponto de vista: Avançar, parar ou recuar? 

Destaque

por Joaci Góes

Para a querida amiga Renata Silva! 

A convite do escritório Machado Neto, Bolognesi e Falcão Advogados Associados (MNBF Advogados Associados), especializado em soluções jurídicas empresariais, liderado pelos advogados Carlos Frederico Machado Neto, Lívia Alves Luz Bolognesi e Virgília Basto Falcão, falamos, na última terça-feira, para um auditório composto por personalidades de relevo de nossa vida social, política e econômica, sobre o que os empreendedores deveriam esperar do novo governo, no momento em que conclui o seu primeiro trimestre de gestão. A palestra abriu o segundo ciclo de abordagem de temas de marcante relevo para a vida econômica do País.  

     Em nosso depoimento, enfatizamos a importância de o setor empresarial avançar, independentemente dos trepidantes humores oficiais, como tem sido o cenário dominante na vida brasileira, com as exceções que não infirmam a regra geral.  

Enfatizamos o fato de que, comparativamente às suas grandes riquezas naturais e potencialidades, o Brasil está entre os países mais mal administrados do Planeta, bastando comparar o que somos com o que deveríamos ser, alguma coisa entre o Canadá, os Estados Unidos e a Austrália. Em vez disso, não obstante figurar como a nona economia do Mundo, em matéria de IDH (Índice que mede o bem estar dos povos), o Brasil ocupa a 87ª posição, abaixo de países como Estônia, Lituânia, Bahrein, Letônia, Croácia, Montenegro, Brunei, Omã, Cazaquistão, Bielorrússia, Sérvia, Tailândia, Albânia, Bulgária, Barbados, Siri Lanka. Na América Latina, o IDH do Brasil, coladinho com o da infeliz Cuba, está abaixo do Uruguai, Argentina, Chile, Peru, México, Costa Rica e Panamá. E bem pouco acima das demais nações do Continente. É desempenho abaixo de medíocre, do qual, aparentemente, nossas elites não se dão conta, de tal sorte prospera um inocente ufanismo de romântico padrão afonsocelsino, da virada do século XIX para o XX. 

A causa central de nossos males reside, a nosso ver, na dominante meta de o eleito operar de olho nas eleições seguintes, ficando os grandes problemas estruturais, que interessam, sobremodo, à felicidade das próximas gerações, como educação e saneamento básico, em plano secundário, apesar de termos, no Brasil, como um todo, 52% da população sem esgoto, o que acarreta a esses infelizes uma longevidade média de, apenas, 54 anos, contra 79 anos dos bem assistidos nesse benefício tão essencial à saúde e produtividade das pessoas, conforme estudo realizado pela OxFam (Oxford Famine), ONG britânica fundada em 1941, em plena guerra, dedicada ao estudo das desigualdades entre os povos. O caso da Bahia é ainda mais grave, porque sobe a 60% o percentual dos 15 milhões de pessoas que não dispõem de recurso tão essencial, fato que confere ao Estado o nada lisonjeiro título de possuir o maior número absoluto de habitantes açoitados por tão grave carência que mata mais, continuamente, do que a Covid nos seus piores momentos. 

Acentuamos, de modo veemente, o fato universalmente reconhecido de que na sociedade do conhecimento em que estamos imersos, é crescente a relação linear entre o padrão educacional dos povos e sua prosperidade e bem estar coletivos. 

Apesar de todos esses males, a realidade brasileira, pelo conjunto dos seus elementos macroeconômicos, aconselha aos empreendedores levar adiante, corajosamente, os seus projetos, uma vez que, não obstante a existência de fatores limitativos, o mercado brasileiro é suficientemente pujante para recomendar iniciativas de todos os tamanhos, ficando o setor empresarial com a responsabilidade de somar sua voz para engrossar o coro da verdade palmar de que não há futuro para os povos, que negligenciam o reconhecimento da educação como a primeira de todas as prioridades. 

O encontro soou como uma oração eficaz em favor da prosperidade e paz social. 

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