Canetada devolve, como tirou, governo do DF a Ibaneis

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Ibaneis Rocha foi reconduzido ao cargo Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília.

Cláudio Humberto

Foram 63 dias de estupefação, paciência, cautela: reeleito em votação consagradora, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), se viu subitamente afastado do cargo por uma canetada, com base em mera narrativa pessoal, sem provas e sem manifestação do Ministério Público. A agressão institucional sem precedentes chocou o brasiliense, que aprovou nas urnas o estilo de governança firme, sem hesitações e nem concessões à violência ou à desordem. Em vez de prêmio, castigo.

Por que demorou?

A demora em reverter a medida foi tão chocante quanto o afastamento, mesmo diante da falta de indícios de culpa em exaustivas investigações.

Critérios e critérios

Se Ibaneis foi tirado em um par de horas, o ex-governador do DF Arruda, filmado recebendo maços de dinheiro, foi afastado e preso após 76 dias.

Apoio custou caro

Ibaneis nunca foi bolsonarista, divergiu do ex-presidente, a quem multou na pandemia, mas o apoio recíproco nas eleições custou-lhe muito caro.

Vitória virou desfeita

Ele enfrentou e venceu em 2022 uma campanha eleitoral sórdida, mas sua vitória representou para muita gente graúda uma desfeita pessoal.

Luciano Bivar e Ciro Nogueira, respectivamente, caciques do União Brasil e dos Progressistas

União/PP: Fundão e poder minaram federação

A quase federação entre o União Brasil e o Progressistas afundou, principalmente, por conflitos envolvendo diretamente Luciano Bivar (União) em Pernambuco. Na esfera nacional, inicialmente, Bivar responderia como presidente do grupo e Ciro Nogueira, cacique do PP, levaria a administração dos fundos partidário e eleitoral, e revezariam essas atribuições. A grana do partido ultrapassaria os R$1,3 bilhão.

Sobram problemas

Caciques regionais do PP e do União reclamaram da divisão do poder. O próprio Bivar teve embates com Dudu da Fonte (PP), em Pernambuco.

Sem consenso

Bivar e aliados querem embarcar de vez no governo. A ideia não agrada a Ciro, não é consenso no União e muito menos entre os progressistas.

Objetivo final

A federação seria o primeiro passo para uma fusão. Hoje, se criado, o partido seria o maior do Congresso, com 108 deputados e 15 senadores.

Política como ela é

Candidato do governador Tarcísio de Freitas (Rep), o novo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado, do PL de Jair Bolsonaro, foi eleito com o apoio do PT. Só PSOL ficou na oposição.

CPI da Ideia de Jerico

Márcio França (Portos e Aeroportos) insiste em passagens aéreas a R$200. As empresas Gol e Azul adoraram a ideia de jerico, o que já foi suficiente para prosperar suspeitas no Congresso. Já se fala em CPI.

Só embromation

É inútil o jantar entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tratar de reforma fiscal. O projeto foi finalizado sem as consultas prometidas a Lira e a Rodrigo Pacheco.

Poder sem pudor

Já ganhou lugar no anedotário a indicação da primeira-dama do Pará ao cargo vitalício de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, onde julgará as contas do maridão. É o quinto caso de nepotismo explícito e impune de governadores ou ex-governadores que perderam o pudor.

A bruxa está solta

O alto escalão de Brasília tem sido acometido por urgências médicas. Marina Silva foi a mais recente e teve alta após dois dias internada. No STF, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques também passaram aperto.

Dos males…

A falência de bancos americanos, a queda do Credit Suisse e a guerra na Ucrânia derrubaram o Real ao menor patamar desde 12 de janeiro, em relação ao dólar. Só não foi pior que a posse de Lula, quando o dólar disparou para o recorde de 2023, até agora: R$5,45.

Resultado ao contrário

A determinação do governo Lula de baixar na marra a taxa de juros do crédito consignado pode provocar o inverso do pretendido pelos petistas: com juros artificiais, pode haver insuficiência na oferta.

Ele não tem votos

A última vez em que Carlos Lupi (Previdência), responsável pela decisão de baixar artificialmente os juros do crédito consignado, foi submetido ao voto popular ele ficou em 6º lugar para o governo do Rio… em 2006.

Pensando bem…

…o tal arcabouço é só um esqueleto meio desengonçado.

DIÁRIO DO PODER – COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

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