Petistas querem retirar assinaturas por entender que comissão não é prioridade do governo, mas lideranças defendem a instalação
A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os atos extremistas de 8 de janeiro não conta mais com o apelo dos principais aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas ainda divide a base dentro do Congresso Nacional.
Enquanto petistas avaliam que a comissão perdeu o objeto com o avanço das análises e dos inquéritos no Judiciário, outros parlamentares que também defendem as pautas de governo querem que o Legislativo exerça o papel nas investigações.
Internamente, senadores próximos a Lula entendem que uma CPI, neste momento, serve apenas aos interesses da oposição. Para justificar o novo posicionamento, os parlamentares comentam o trabalho avançado do Judiciário nas investigações, fazendo um paralelo com a CPI da Covid-19.
“Temos mais de 700 mil mortos e ninguém está preso. O ato terrorista tem centenas de presos, alvos de ações penais, inquéritos”, sustenta o senador Fabiano Contarato (ES), líder do PT no Senado.
Contarato foi um dos 38 senadores a assinar o requerimento para abrir uma CPI sobre o tema. Agora, ele alega que o pedido de abertura já serviu ao propósito de fazer pressão política para exigir respostas rápidas por parte das instituições.
Por isso, pediu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que não instale os trabalhos “até que senadores possam retirar ou ratificar assinaturas”.
Na mesma linha, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) defende que o Congresso se concentre em outros temas, citando a reforma tributária. A perda de objeto da CPI também é argumento defendido por parlamentares fora do PT.
O senador Jayme Campos (União-MT) avalia que os crimes já estão sendo investigados pelos órgãos competentes. “Não seria razoável apresentar uma CPI se os órgãos de Segurança e a Justiça já estão apurando se houve vandalismo ou terrorismo”, afirma.