Ministro também mandou prender manifestantes na porta de quartéis
Cláudio Humberto
O governador do Distrito federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado de suas funções por 90 dias, em decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em princípio, nesse período, Ibaneis será substituído por sua vice, Celina Leão (PP).
A decisão é mais uma obtida pelo partido Rede no âmbito do STF e mais uma vez patrocinada pelo senador Randolfe Rodrigues (AP).
Moraes acatou a alegação de que teria havido “omissão” do governador nos atos de protesto que acabaram em invasão e vandalismo nas sedes dos três poderes.
A alegação foi difundida por políticos ligados ao PT e ao Rede e ao governo Lula por adversários derrotados nas urnas no DF por Ibaneis, que apoiou a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apesar de nunca ter sido um ativista bolsonarista.
O ministro concluiu que o governador teve conduta “dolosamente omissa”, em razão da falta de um plano de segurança adotado pelo mesmo governo do DF em outras ocasiões, com a proibição de acesso de manifestantes à praça dos Três Poderes.
Moraes também ordenou a desocupação imediata das imediações de quartéis militares e a prisão dos manifestantes, que classifica de “terroristas”.
O afastamento se deu apesar de todas as providências adotadas pelo governador do DF, da demissão do secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, à mobilização de todos o efetivo policial do DF para conter os manifestantes. Durante os conflitos, até o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Fábio Augusto, ficou ferido.
Ibaneis também divulgou vídeo no início da noite pedindo desculpas ao presidente da República e aos chefes dos demais poderes, reafirmando seu compromisso com a democracia, reiterado desde os tempos em que presidiu no DF a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Perto da meia-noite, o Diário do Poder divulgou mensagem de áudio, destinada ao governador por um delegado da Polícia Civil, descrevendo o clima como “bem ameno, bem suave, manifestação totalmente pacífica. tudo tranquilo”.
A mensagem do policial mostra que o governador estava preocupado e que por essa razão havia um delegado ligado à Inteligência da Polícia Civil designado para mantê-lo informado das providências. Com os atos de violência que se sucederam, Ibaneis demitiu o secretário de Segurança.
DIÁRIO DO PODER