Gênio sul-americano busca seu primeiro título mundial, enquanto craque europeu tenta bater ainda mais marcas históricas
Deixadas as críticas à escolha do país-sede de lado, depois de 63 partidas, em 29 dias, a Copa do Mundo ainda tem dois últimos assuntos a resolver: quem ficará com o tricampeonato e qual grande jogador de futebol acrescentará mais um capítulo em sua já gloriosa história. Argentina e França se enfrentam neste domingo (18), às 12 horas (de Brasília), no Lusail, com a expectativa de consagração para Lionel Messi ou Kylian Mbappé.
Se os Hermanos foram campeões lá atrás (1978 e 1986), os Bleus têm conquistas mais recentes (1998 e 2018). Por isso, o duelo no estádio com capacidade para 89 mil pessoas, construído especialmente para o Catar 2022, vale o tricampeonato das seleções. Isso, claro, sem que se deixe de lado as atenções voltadas aos dois camisas 10, dois grandes nomes da atualidade.
Quando o Catar foi escolhido sede do torneio, ainda em 2010, quando o então presidente da Fifa, Joseph Blatter, mostrou o envelope com o nome do país em reunião-geral, começaram os questionamentos sobre as liberdades individuais em um lugar conservador, de religião islâmica e não muito adepto do calor humano que sobra com as altas temperaturas nas ruas. Por isso mesmo, o primeiro Mundial no Oriente Médio foi transferido do verão para o inverno no Hemisfério Norte.
As arquibancadas, de fato, demoraram a encontrar a temperatura ideal que passasse longe de gelados e potentes aparelhos de ar-condicionado. Em um evento por vezes exageradamente masculinizado, com mulheres ao redor dos estádios, como se não gostassem, ou pior, não pertencessem ao que estava acontecendo, sul-americanos e europeus foram ditando o tom nas músicas embaladas por todos os lados, das arquibancadas ao Souq Waqif, tradicional mercado a céu aberto, no centro de Doha. Aos poucos, foram surgindo asiáticos e também africanos, como a torcida de Marrocos.
Dentro de campo, Messi e Mbappé rapidamente mostraram que estavam ali para serem campeões. O argentino mostrou a sua versão mais destruidora de recordes (maior artilheiro da seleção em Mundiais e jogador com mais partidas no torneio) e carregou o time nas costas; já o francês disse, quando questionado pelo R7, que estava ali para ser campeão e pouco se importava com as premiações individuais (na Rússia 2018, foi eleito o melhor jogador jovem da competição).
O desfile de talento pode não caber em palavras, mas os números ajudam a quantificar as performances de cada um. O gênio e o craque chegam à final com cinco gols marcados cada e, como se já houvesse pouca disputa, estão também na briga pela artilharia. Coadjuvantes, os centroavantes, ambos camisas 9, Julián Álvarez e Olivier Giroud têm um gol a menos.
Para os treinadores, um mais emotivo e outro mais calculista, a final, claro, passa por outros tantos nomes importantes. Lionel Scaloni, comandante de La Scaloneta, por pouco não se emocionou ao falar do prazer de defender o seu país. Didier Deschamps, mais combativo com a imprensa, comentou das sucessivas lesões que o time sofreu ao longo da preparação para a Copa.
“Acredito que temos a melhor torcida do mundo e que, de uma forma ou de outra, estava precisando de uma alegria. No final, o futebol é um esporte e, na Argentina, mesmo que se custe a entender isso às vezes, é um esporte. A emoção maior é ver a torcida aqui, as pessoas vendo a televisão na Argentina… Essas coisas chegam para nós através das redes sociais e, nós que já tivemos do lado de lá, nos sentimos orgulhosos”, desabafou Scaloni.
“Viemos superando o imponderável das lesões e temos avançado de fase. Agora, estamos na final e estamos prontos pra disputar. Acredito que o meu colega argentino também tenha enfrentado os seus problemas e cada um tem as suas situações para essa final”, disse Deschamps.
A história de Messi com a Copa do Mundo parece estar inacabada. E não passará deste domingo, já que confirmou após a semifinal que o próximo será o seu último jogo no torneio dos grandes. O argentino, hoje com 35 anos, estreou na competição há 16 anos, e teve no Brasil 2014 a chance de entrar de vez para a galeria dos campeões. Naquela oportunidade, em uma noite que deu tudo errado para a equipe no Maracanã, a Alemanha ficou com o título. Messi ainda aguardou um mais, tanto que só conseguiu um troféu para o seu país na Copa América de 2021, em uma vitória sobre o Brasil, rompendo um jejum de 28 anos sem títulos.
Mbappé já nasceu para a Copa como um verdadeiro craque. O francês, capaz de correr a 35 km/h sem que a bola escape dos seus pés, assombrou o planeta com essa velocidade e capacidade de fazer gols já no último Mundial. Tanto que um a um foi derrubando os adversários até colocar a segunda estrela no uniforme azul. A terceira estrela confirmaria a hegemonia de um jogador que fará 24 anos daqui a dois dias e ainda tem muita história para contar — apenas Pelé, com 22 anos, foi bicampeão mundial.
Histórias tantas que serão decididas em 90 minutos de futebol, talvez mais meia hora de prorrogação e quem sabe até disputa de pênaltis. Quando a bola parar de rolar, só uma seleção será campeã mundial e só um grande jogador será coroado.
R7.com