‘Apoiei Lula, mas agora estou com medo’, diz Armínio Fraga

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O ex-presidente do Banco Central teme irresponsabilidade fiscal no governo do presidente eleito e criticou a PEC do estouro

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga
SÉRGIO CASTRO/ESTADÃO CONTEÚDO – 8.4.2014

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga disse nesta quinta-feira (15) que está com medo do futuro governo do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O economista declarou que não se arrepende de ter votado no petista no segundo turno das eleições deste ano, mas comentou que políticos que vão compor a gestão dele a partir de 2023 têm dado sinalizações de irresponsabilidade fiscal.

“Eu apoiei a candidatura do presidente [eleito] Lula. Foi um apoio, no meu caso, sem qualquer condicionalidade. Eu votei e não me arrependo, mas agora estou com medo. Vários sinais já foram dados. Não dá para dizer que seja uma conclusão definitiva do que vem por aí, mas os sinais incluem vários comentários negativos sobre responsabilidade fiscal, que apontam para políticas de um estilo mais intervencionista. O todo é bem preocupante”, disse Fraga em entrevista ao Brazil Journal.

Ele criticou a PEC (proposta de emenda à Constituição) do estouro, em análise no Congresso Nacional, que expande o teto de gastos em quase R$ 200 bilhões para que o futuro governo de Lula banque o Auxílio Brasil a R$ 600 e pague um acréscimo de R$ 150 por criança de até 6 anos às famílias beneficiárias. Segundo o ex-presidente do Banco Central, o Brasil está implantando um “megaproblema” do ponto de vista macroeconômico.

“Estamos seguindo um caminho macroeconômico extremamente perigoso. Essa PEC desse tamanho, do ponto de vista macroeconômico, é um absurdo. Entendo as demandas, são todas legítimas. Mas isso precisa ser resolvido de uma maneira tal que a economia se sinta em paz para investir no futuro, para crescer. Se não tiver isso, não vai dar certo”, afirmou.

“Não dá para aprovar essa PEC de R$ 200 bilhões na prática. Os objetivos são legítimos e são metas importantes para qualquer governo de nome. Eles podem e devem ser atingidos, mas não de uma tacada só. Esse é um objetivo para quatro ou oito anos. A PEC deveria ser de R$ 50 bilhões, no máximo. A situação fiscal é extremamente precária, e estamos dando um sinal que vai na contramão do equilíbrio fiscal”, completou Fraga.

R7.com

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